José Roberto Lima*
Os atletas deram um verdadeiro show nas Paralimpíadas. Quem poderia imaginar, por exemplo, um atirador de flechas sem braços? Essa e muitas outras cenas de superação servem de exemplo para todos nós.
Quantas vezes nos queixamos que nos faltam condições para estudar. E, no final de mais um concurso, vemos o nome daquele vizinho, em cuja capacidade ninguém acreditava, na lista de aprovados.
Nesta jornada de duas décadas dedicadas ao magistério jurídico, já ouvi muitas queixas sobre a qualidade do material de estudo, sobre a didática de algum professor, sobre a estrutura da escola, etc. Já vi até cenas de alunos queimando livros de determinado autor só porque mudou de opinião em torno de algum tema polêmico. Já ouvi queixas de quem se achava com chances reduzidas porque é pobre. Já ouvi a mesma queixa de quem é rico e culpava os pais por terem propiciado um falso mundo paradisíaco.
Mas nunca ouvi ninguém dizer: “Eu não fui capaz porque não me empenhei nos estudos”. A culpa é sempre buscada num fator externo àquele que fracassou. O mérito, se vier, é meu. Mas a culpa... Ora, claro que a culpa é sempre do outro.
E os que menos se queixam são os que têm as mais severas limitações físicas, assim como nas Paralimpíadas. Eles, os portadores de deficiência, se agarram às chances que têm como um artilheiro em busca do gol. Ao contrário de muitas pessoas que se queixam, eles optam pela superação. E assim tornam-se verdadeiros “atletas nos concursos”.
Então, em vez de procurarmos desculpas para desistir, vamos seguir os exemplos dos atletas paralímpicos e dos alunos que, mesmo com alguma deficiência, brilham nos estudos e nas provas.
(*) Advogado, professor da Faculdade Promove, mestre em Educação, delegado federal aposentado e autor de “Como Passei em 15 Concursos”. Escreve aos domingos.