O impacto da pandemia na saúde mental

27/08/2020 às 08:18.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:23

Por Aichele Teixeira Lis (*)

O impacto da pandemia provocada pela acelerada disseminação do novo coronavírus, além dos agravos patológicos, causa também agravos psicológicos e sociais como altas taxas de desemprego, maior disparidade social e aumento dos transtornos psíquicos, objeto de preocupação nos serviços de atenção à saúde mental. 

As dúvidas sobre como conter o vírus e sua seriedade diante das poucas informações sobre as particularidades de transmissão da Covid-19, o isolamento social, a expectativa acerca do término da pandemia, o aumento do número de mortes em um pequeno intervalo de tempo, impasses para efetivação dos rituais de despedida e funerários, além da propagação de fake news sobre a infecção e medidas de cuidados, assim como a dificuldade da sociedade em interpretar os comandos sanitários, representam fatores de risco para o aparecimento de transtornos mentais.

Segundo dados da Fiocruz, aproximadamente um terço e meio das pessoas expostas a um surto epidemioló-gico resulta no desenvolvimento de alguma evidência psicopatológica, e caso não seja realizada intervenção imediata de cuidado para os sinais e sintomas apresentados, podem levar ao aparecimento de agravos, tais como os transtornos obsessivos-compulsivos, ansiedade, depressão, hipocondria, ataques de pânico, estresse e melancolia. 

É importante ressaltar que nem todas as alterações psicológicas e comportamentais apresentadas por um cidadão na pandemia são caracterizadas como doenças, uma vez que as transformações diante de uma circunstância de vida diferente podem ser consideradas como adaptação do indivíduo. Portanto, é necessária a interpretação correta da população acerca das sensações corporais e mentais para que, assim, evitem a entrada desnecessária em serviços de saúde, sobrecarregando os mesmos e tornando a exposição ao vírus ainda maior. 

Deste modo, estratégias positivas e ativas da mente são fundamentais em situações de pandemia, como reconhecer seus medos e inseguranças, realizar atividades físicas, compartilhar histórias positivas, estabelecer rotina no trabalho e em casa, descansar, ativar os laços afetivos, evitar o uso de substâncias psicoativas, procurar fontes confiáveis para informações a respeito do vírus e evitar o excesso delas, desenvolver ações de autocuidado e de cuidado ao próximo. E se julgar necessário, é possível encontrar uma rede de atenção à saúde mental, como os Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) ou Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam), ou buscar um acolhimento nas Unidades Básicas de Saúde, ambos com processos de apoio psicossocial, a partir da atuação de uma equipe multidisciplinar. Também é possível encontrar atendimento por meios virtuais, neste contexto de pandemia do coronavírus, com condutas eficientes e satisfatórias. 

(*) Docente do curso de Bacharelado em Enfermagem da Faculdade Kennedy de BH.Revisão: Profa. Ms. Débora Cristine Gomes Pinto, coordenadora e docente do curso de Enfermagem e docente do curso de Nutrição da Faculdade Kennedy de BH.

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