O pós-impeachment

31/08/2016 às 20:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:38

Márcio C. Coimbra*

Sabemos que o equilíbrio da economia é ponto basilar para o desenvolvimento de um país. Aprendemos isto com o Plano Real. Ficou claro também que uma boa situação fiscal é o ponto de partida para confiança e realização de investimentos. Infelizmente, estes foram ponto esquecidos pelos governos mais recentes, deixando o Brasil em uma situação difícil, incluindo a perda do grau de investimento e a desconfiança dos mercados internacionais.

O desafio do governo, agora definitivo, está sem dúvida na economia. A missão mais importante desta administração que agora se inicia é ajustar as contas públicas, recobrar a confiança, trazendo de volta o investimento e a segurança de um ambiente regulatório com regras claras e estáveis. 

Sabemos que um governo pode ser mais ousado ou simplesmente mais cauteloso. Sem um claro mandato das urnas para realizar reformas estruturantes, parece pouco provável que esta administração realize mudanças profundas estruturais no Brasil. O Planalto tende a seguir a arte do possível, realizando ajustes e correções de rumo que realinhem nosso país em direção do crescimento com vistas a entregar a casa arrumada e ajustada para o eleito em 2018.

Uma agenda realista passa pelo começo da discussão da reforma da previdência, fator determinante para o equilíbrio das contas públicas, mas também pelo estabelecimento de um teto para os gastos públicos vinculados à inflação. Esta proposta está pronta e deve ser votada, sendo a primeira grande realização da nova administração, na tentativa de frear o ímpeto de gastos de futuros governantes que venham a ocupar o Planalto.

Enquanto a economia tende a se acalmar, a política tende a ferver. As delações podem fazer mais estragos ainda nesta esfera. Coloque no baralho o processo de cassação de Eduardo Cunha, um governo tentando se firmar, o Senado na linha de tiro da Lava Jato e um Supremo que começa a sentir o calor vindo de Curitiba. Diante de um quadro como este, o pós-Dilma pode guardar emoções difíceis de prever.

(*) Estrategista Político. Mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos em Madri. Coordenador do MBA em Relações Institucionais do Ibmec

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