O preconceito nas escolas

11/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:50

Christina Fabel*

Assim como qualquer outro lugar de educação e formação, a escola é, em essência, um espaço universal, no qual todos que o ocupam possuem obrigações e direitos. Nesse sentido, as instituições de ensino são um reflexo do que acontece na sociedade, sendo, ao mesmo tempo, um dos pontos de partida para mudanças políticas e culturais.

Com as discussões sobre o bullying ganhando cada vez mais visibilidade nos últimos anos, o preconceito, em suas mais diversas formas, também passou a ser mais pautado em sala de aula, levando toda a comunidade escolar a refletir sobre as formas de exclusão e segregação e suas consequências. Mas por que e como falar sobre preconceito com crianças e jovens? Qual o papel do professor e da escola nesse processo?

É no ambiente escolar que a criança começa a exercer de fato a sua coletividade e passa a ter contato com outras pessoas com diferentes personalidades, contextos familiares, características físicas e psicológicas. É nesse contexto que a escola e o professor devem atuar no sentido de reforçar e ampliar a noção do aluno de respeito às diferenças – valor que precisa ser passado antes na educação familiar.

Isso fará com que ele compreenda que o conceito de sociedade se torna concreto justamente quando percebemos o outro e entendemos que ele também ocupa o mesmo espaço e possui os mesmos direitos e deveres que nós.

Infelizmente, ainda hoje ouvimos relatos de preconceito racial, religioso, de classe, orientação sexual, de gênero, dentre outros nas escolas. A capacitação de professores e de equipes pedagógicas nesses casos é de extrema importância para promover debates em sala de aula e apresentar aos alunos outras visões de mundo e realidades sociais que muitas vezes ficam invisíveis ou às margens das discussões.

A capacitação de docentes, no entanto, apresenta desafios, uma vez que os próprios professores possuem suas pré-concepções e bagagens culturais. Nesses casos, o processo de quebra de paradigmas exige que eles reconheçam os próprios preconceitos e os desconstruam para, dessa forma, ajudar na formação dos alunos.

Quando uma criança ou jovem vítima de discriminação se vê amparado na figura do professor, as chances de consequências mais preocupantes, como a evasão escolar, diminuem. Por outro lado, os alunos que praticam o bullying passam a enxergar no docente um exemplo a ser seguido dentro e fora dos muros da instituição. É nesse momento que o colégio cumpre de fato o seu papel.

É importante ressaltar que o papel do educador e da escola não é ser doutrinário ou passar uma ideia que deve simplesmente ser absorvida. Ao contrário, é preciso oferecer a informação e discuti-la para que o próprio educando forme sua opinião através de uma visão crítica e de fundamentos éticos.

(*) Diretora de Ensino do Colégio ICJ

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