O que esperar da construção civil no cenário pós-pandemia?

17/11/2020 às 20:45.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:04

Renato Las Casas*

A pandemia de Covid-19 causou fortes impactos nos setores da indústria, comércio e construção civil. Dados do PIB revelaram que a economia brasileira registrou uma queda de 1,5% nos três primeiros meses de 2020, tendo por comparação o último trimestre de 2019. Em março deste ano, a construção civil apresentou um declínio de 2,4%.

Diante esse cenário, diversos empreendimentos do setor intensificaram a busca por novas tecnologias e métodos que não só impulsionassem a produtividade, como também promovessem a contenção de gastos desnecessários e a otimização de processos. Estas ações junto da redução da taxa selic – que estimulou o aumento das vendas e a valorização de imóveis —, fizeram com que a construção civil se tornasse um dos poucos setores a demonstrar crescimento durante a crise. E de acordo com as projeções de especialistas, também será um dos segmentos de maior avanço após a pandemia.

Para atingirem esse nível de desenvolvimento depois do período pandêmico e se adaptarem à nova realidade prevista para o próximo ano, as empresas da construção civil deverão investir ainda mais em práticas e iniciativas que ganharam espaço ao longo da crise sanitária. A chegada da pandemia trouxe a necessidade de uma profunda reflexão sobre dinâmicas, técnicas e atitudes que até então permeavam e direcionavam as rotinas de trabalho de empresas e organizações pertencentes ao mercado de construção civil. A análise destes fatores fomentou transformações, reformulações e novas posturas que foram decisivas para que estes empreendimentos pudessem dar continuidade em seus negócios, aprimorar suas atividades e serviços, e vencer os inúmeros obstáculos deste complexo contexto.

Uma das principais mudanças que foram adotadas pelas empresas do setor durante a pandemia e que ainda pode orientar as suas atuações no cenário pós-covid é o aumento da preocupação com a responsabilidade social. As construtoras estão mais dedicadas em promover ações que beneficiem e deem apoio a população como um todo. Outra tendência destes novos tempos é a elevação da preferência por processos de construções mais céleres, seguros e sustentáveis. Antes da pandemia, o segmento já visava atingir estes objetivos, mas com o início da crise, isso se reforçou. Além destes exemplos, a qualidade, a vida útil e o desempenho dos projetos também receberão maior atenção por parte das construtoras. Digo isso, porque o respeito a tais características impedirá o surgimento de problemas futuros e garantirá edificações mais duradouras, seguras e funcionais. Atributos que serão grandemente valorizados pelos consumidores no período de recuperação econômica.

Após a pandemia pode ocorrer uma diminuição na demanda por espaços corporativos. Com este cenário de incertezas, várias empresas estão adiando os seus planos de expansão e permitindo que seus funcionários ou colaboradores adotem o home office. Estas mudanças podem fazer com que obras voltadas a atividades comerciais lidem com uma leve queda. No entanto, as construções residenciais podem apresentar uma grande elevação e ganhar novos contornos. Agora, os projetos de apartamentos ou casas também devem conter espaços mais privativos, silenciosos e agradáveis para o desempenho do trabalho remoto. Já os condomínios residenciais também devem ser pensados considerando a possibilidade de instalação de áreas de coworking. As pessoas estão passando a maior de parte do tempo em suas residências, então é essencial que estes locais ofereçam tudo do que elas precisam.

No mundo pós-covid, a utilização de ferramentas do e-commerce e de outros sistemas de vendas online se tornará ainda mais comum em empresas voltadas a comercialização de materiais e serviços da construção civil. Para alavancar a sua rentabilidade, muitas delas irão otimizar os seus mecanismos de vendas no ambiente virtual. Vejo que estas e outras tecnologias foram indispensáveis não só para que os empreendimentos do setor permanecessem atualizados e operantes, como também para que os mesmos pudessem interagir com seus clientes e impulsionar a aquisição de seus produtos durante todo este ano. Acredito que estas ferramentas serão ainda mais importantes no novo momento que se aproxima.

*Diretor comercial da empresa de revestimentos sustentáveis Ecogranito

  

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