O retorno dos militares ao poder

20/07/2018 às 19:34.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:31

Aristoteles Atheniense*

O excessivo número de militares que deverão concorrer nas eleições de outubro vindouro comporta reflexão se levarmos em conta os motivos que inspiraram essas pretensões.

Devido à confiabilidade que conservam e, em face da devassidão moral que assola a política na Federação, os militares tornaram-se uma alternativa de poder. Para esse fenômeno concorre a candidatura de Jair Bolsonaro, embora as suas propostas sejam imprecisas, especialmente quanto à economia.

Tornou-se visível o empenho dos militares da reserva na sustentação de uma via democrática para a volta ao poder, inclusive dando seu aval à candidatura Bolsonaro, a esta altura prestigiada por aqueles que pretendem restabelecer a autoridade estatal.

Todos os candidatos à Presidência da República já passaram por sabatinas perante o comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas. Este teve o cuidado de entregar aos postulantes um caderno contendo as reivindicações do segmento e temas referentes à defesa nacional. 

Segundo o general, “é importante que a sociedade discuta temas como Defesa e Segurança para que, no futuro, sejam tomadas as melhores decisões”. A sua iniciativa, aparentemente ousada, não chega a ser inédita, pois, desde a Assembleia Constituinte de 1988, os militares passaram a contar com assessorias parlamentares destinadas a cuidar dos interesses da Corporação.

Alguns dos pronunciamentos do general Villas Bôas foram interpretados com ingerência indevida na política. Mas, na visão do comandante, “o que deve prevalecer neste momento é um espírito de conciliação entre todos”. 

A vingar essa proposta, a possibilidade de intromissão dos militares na condução do Brasil está definitivamente afastada, pois, o quadro atual não se compara ao de 1964. Doravante, “intervenção, só as que forem ordenadas pelo presidente da República, que é o chefe das Forças Armadas”.

Segundo essa concepção, a intervenção almejada pelos militares no passado, nos dias atuais somente ocorrerá por meio do voto livre e consciente.


*Advogado, conselheiro Nato da OAB , diretor do IAB e do IAMG.
 

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