O valor do progresso

08/04/2016 às 21:32.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:52

Aristóteles Drummond (*)

A grande vedete no noticiário internacional relativo à América Latina é o presidente Mauricio Macri da Argentina. Sua ação liberal na economia, prestigiando o capital e honrando compromissos, austeridade nos gastos, mudou a imagem do país em cem dias de governo.

A economia tem muito de política, da percepção do capital quanto à receptividade dos governos. Por isso, por exemplo, Portugal e Espanha que também trocaram de coligação partidária em dezembro, estão no sentido inverso, despertando preocupações nos mercados e já tendo de pagar juros mais altos na rolagem de suas dívidas. Os países são os mesmos, mas o mundo os encara de maneira diferente. A Grécia é diferente, pois não quer pagar mesmo.

A crise por que atravessa o governo brasileiro tem sido alimentada pelas dificuldades na economia, como inflação mais alta e taxa de desemprego ascendente. As grandes empresas no vermelho ameaçam até o sistema financeiro. Reflete muito mais os humores da sociedade do que disputas políticas ou revelações sobre corrupção. No mensalão, a crise foi limitada em face da satisfação popular e bons dados econômicos.

A presidente perdeu pé da situação quando não bancou o ministro Joaquim Levi e suas propostas, muitas nem votadas pelo Congresso Nacional. Hoje, já estaria colhendo os frutos da recuperação, da confiança dos mercados, abatendo o ânimo da oposição que cresce a cada dia. Perdeu-se por implicâncias de mero caráter ideológico. Cacoetes dos anos 1980, anterior à queda do muro e ao surto de progresso que o mundo assistiu a partir das políticas adotadas em duas locomotivas mundiais: os EUA, de Reagan, e a Inglaterra, de Thatcher.

Enquanto o discurso de Macri atrai progresso, a relutância brasileira em estimular investimentos afasta o capital nacional e inibe o estrangeiro, refazendo contas em relação a novas locações de recursos. O capital de fora aqui busca apenas especulação.

A presidente Dilma deveria ser alertada de que nada a ajudaria mais na legítima luta por seu mandato do que reverter o ambiente de negócios, animando a economia, desonerando o investimento, modernizando a legislação trabalhista, obtendo parceiros para projetos de infraestrutura. Como estamos a crise se aprofunda e passa a ser turbinada pelos problemas de natureza política e institucional.

Infelizmente, quem sempre paga a conta é o trabalhador e suas famílias. Os funcionários públicos, políticos com mandato, os dirigentes sindicais e os ricos em geral estão acima das crises, que não alcançam bem-estar.

Temos vizinhos progredindo, como Peru, Colômbia, México, Paraguai e agora a nova Argentina. Nada justifica continuarmos nessa linha de dificuldades da Venezuela, Equador, Uruguai, países que insistiram em limitar a ação dos empreendedores, alimentar a burocracia e aumentar impostos.

(*) Jornalista

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