O ventre vazio e o amparo da reprodução assistida

29/10/2021 às 17:51.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:09

Cláudia Navarro*

O luto pelo ventre vazio acomete muitas mulheres e é uma dor única. A perda de uma gestação pode representar a interrupção e até a impossibilidade do sonho da maternidade. É normal que a mulher ou o casal que passa por essa situação se sinta assim. E é nesse momento que a reprodução assistida pode amparar a manutenção desse sonho.

Os dados revelam que o aborto espontâneo, que é a perda gestacional antes de 22 semanas completas ou com feto pesando menos que 500 g, ocorre entre 10% e 25% de todas as gestações. O abortamento mais comum acontece antes da 13ª semana de gravidez. E, à medida que a gestação se desenvolve, esse risco diminui.

Muitos são os fatores para a perda gestacional, mas a maior parte dos abortamentos não-eletivos não terão causa identificada. Entre os fatores conhecidos estão alterações cromossômicas do feto, alterações uterinas, queda no nível de hormônios, doenças autoimunes, virais e bacterianas e ainda consumo de drogas, como o álcool ou ilícitas. Manter hábitos saudáveis é uma recomendação para toda a população. E a mulher tentante ou grávida tem que ter os cuidados redobrados.

A reprodução assistida reúne tratamentos através de técnicas que amparam a mulher ou o casal que busca uma nova gestação após passar por um momento tão traumático. Ela permite a busca pelo sonho, com muito zelo e atendimento individualizado. Cada mulher tem uma situação individual e o especialista em reprodução é o profissional mais adequado para indicar o método que pode apresentar a maior chance de sucesso de gravidez. Hoje, a medicina oferece muitas técnicas e nós podemos fazer esse sonho acontecer.

A chegada de um bebê arco-íris, que são as crianças nascidas após um aborto, representa a renovação da crença que o corpo humano é maravilhoso. Nesta semana em que todos refletimos sobre luto e perda, é importante entendermos que as experiências que julgamos ruins não representam o fim e devem ser encaradas como o começo.

* Especialista em reprodução assistida. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em Medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. Atualmente, atua na área de reprodução humana, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de gametas

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