Os intocáveis

27/11/2018 às 22:42.
Atualizado em 28/10/2021 às 02:25

Aroldo Rodrigues*

Foi ratificada nesta semana a existência de castas de trabalhadores no Brasil. De um lado estamos nós, pessoas normais que sentem o impacto da maior crise econômica da história do Brasil, obrigadas a se reinventar para manter rendimentos, contornar os entraves burocráticos e seguir em frente. Acima de nós, no olimpo inatingível, estão os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Esses supremos, com perdão do trocadilho, fazem parte de uma classe de cidadãos diferenciados, que de tão diferenciados e ungidos de sabedoria divina, não podem sentir na pele a crise econômica que assola o governo e o país.

Você já deve ter entendido que a minha insatisfação com o Supremo deve-se por conta do aumento de R$ 33 mil para R$ 39 mil aprovado no último dia 7 no Senado e sancionado na segunda-feira passada pelo Presidente Michel Temer (MDB). Os ministros alegam que se trata de uma recomposição salarial, que sim é justa, mas que não pode ser colocada fora de contexto. O cenário atual é o de enxugamento de gastos, o governo que irá assumir já estuda qual será a proposta de reforma da Previdência. E qual seja o teto aprovado, terá impacto para nós, da casta dos comuns. 

A impressão que se fica é que R$ 33 mil é um salário indigno, que não remunera adequadamente os serviços prestados, mas as excelências do olimpo têm que se lembrar que, assim como a vida, o mercado de trabalho é feito de escolhas. O profissional que escolhe o serviço público para carreira, busca um rendimento justo com estabilidade. O perfil de profissional mais arrojado, que quer uma remuneração diferenciada se arrisca no setor privado, sem a tutela do Estado e regido pela lei de mercado. 

(*)Economista, pós-graduado em consultoria empresarial, palestrante e professor universitário

 

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