Os perigos da automedicação

23/08/2021 às 16:57.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:44

Poliana Diniz*

Tomar remédio para alívio imediato de algum sintoma é um hábito comum para muitas pessoas. Todavia, é contraindicado e há diversos riscos que muitos desconhecem. A automedicação, que consiste em ingerir medicamentos sem orientação ou acompanhamento médico, tem sido motivo de preocupação para autoridades de saúde em todo o mundo. Dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF), de maio de 2021, indicam que a automedicação aumentou até 857% durante a pandemia da Covid-19. 

A automedicação pode trazer diversos sintomas e efeitos adversos, que surgem em função do próprio remédio utilizado. Há, ainda, casos de intoxicação, seja por doses incorretas, forma de uso ou validade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) endossou o alerta para os riscos desse hábito. Em comunicado, o órgão afirmou que “é preciso que as pessoas se conscientizem dos riscos reais dessa prática, que pode causar reações graves, inclusive óbitos”.

Devido à pandemia, medicamentos como hidroxicloroquina (antimalárico) e ivermectina (vermífugo) registraram as maiores altas em vendas. O primeiro aumentou 126% e a ivermectina, 857%, ambos no período de abril de 2020 a março de 2021. Quando tomados sem orientação médica, esses remédios podem provocar diversos problemas de saúde, como fraqueza muscular, sangramentos, problemas cardiovasculares, disfunções no sistema nervoso central e vários outros. A procura por anti-inflamatórios e relaxantes musculares também cresceu. Se usados de forma indevida, os medicamentos anti-inflamatórios podem causar coágulos e agravar doenças cardíacas. Já os relaxantes causam sonolência e dificuldade de concentração, além de possibilidades de gerar dependência.

As vitaminas seguiram a mesma tendência, cujo consumo indiscriminado pode sobrecarregar o fígado ou os rins. Também cresceu o consumo de antigripais, capazes de comprometer a pressão arterial e a saúde cardíaca; e de analgésicos, cujo uso rotineiro gera efeitos adversos, como perda de apetite, azia, náuseas, vômitos, dor de estômago, diarreia e, em casos mais graves, desenvolvimento de úlceras estomacais.

A procura por auxílio farmacêutico também aumentou consideravelmente, especialmente nas drogarias que fazem o teste de Covid-19. 

A esse crescimento soma-se ainda um novo alerta, uma vez que muitas pessoas, ao testarem positivo para o novo coronavírus, já querem se automedicar antes mesmo de consultar um médico. Nesses casos, é ainda mais essencial buscar um profissional para realizar a avaliação física e solicitar exames clínicos e laboratoriais, se necessários, para detectar o quadro de saúde e avaliar a medicação e a dosagem corretas.

Por receio de procurar um hospital ou pronto atendimento, a automedicação tem crescido entre os brasileiros, especialmente no contexto da pandemia da Covid-19. Vale enfatizar que esse hábito pode agravar os efeitos colaterais, especialmente se não utilizados de forma adequada e com a dosagem correta, além de mascarar sintomas mais sérios, prejudicando a identificação precisa do quadro de saúde e, consequentemente, a indicação do tratamento mais indicado. O momento é de reforçar a necessidade de buscar auxílio profissional, mesmo para dores e sintomas considerados simples e corriqueiros.

*Farmacêutica da Drogarias Pacheco

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