(Editoria de Arte)
Antônio Álvares da Silva*
A Unesco acaba de incluir por unanimidade, o conjunto arquitetônico da Pampulha, entre as maravilhas da humanidade. Agora a Igrejinha de São Francisco, a Casa do Baile, o Museu de Arte e o Iate Tênis Clube estão juntos a outras realizações indeléveis que o homem inscreveu no tempo ao longo de sua história.
As maravilhas do mundo, às quais agora pertence a Pampulha, têm um papel primordial. Mostram que o homem sem a arte é um ser sem polimento, cuja sensibilidade não tem canais de expressão com seu semelhante.
O gênio de Oscar Niemeyer, associado ao gênio político e empreendedor de JK, deram origem a este sonho que agora se transforma em esplendorosa realidade, um patrimônio de todos nós. Mas é preciso lembrar que esta honra e felicidade não são estáticas. Ainda há muito a fazer e construir. E este trabalho agora é nosso.
Temos que reconhecer o papel do Poder Público Municipal nesta vitória que hoje festejamos. Já houve tentativa anterior rejeitada pela Unesco por falta de exigências básicas que agora se completam 20 anos depois. O prefeito Lacerda, com sua assessoria, trabalhou com lucidez e técnica. Chegou por isto à vitória.
Homens do valor do arquiteto Flávio Carsalade devem ser lembrados pelo seu amor persistente e sincero pela Pampulha. A vitória numa pretensão tão grande e difícil não se faz sem trabalho conjunto, espírito de equipe e grandeza de ideais.
Mas a luta continua. É preciso agora despoluir. Esta tarefa compete à Copasa, sociedade de economia mista na qual predomina o interesse público e não o lucro. A responsabilidade que lhe cabe também é grande e é preciso esforço e idealismo.
O entorno da lagoa é igualmente patrimônio tombado. É necessário que o poder público esteja sempre presente cuidando da limpeza, arborização, jardins e tudo mais que garanta o título agora recebido. Alguns trechos podem ser interditados para lazer da população sem prejuízo a ninguém.
A Pampulha deve transformar-se num amplo centro de lazer, seguro e tranquilo, em que todos possam apreciar não só o voo sereno da garça branca, deslizando pela tarde pampulhana, como também as belezas do conjunto arquitetônico. Ali devem reunir-se pedestres, ciclistas, corredores, crianças e adultos de todas as condições sociais, numa integração fraternal onde a beleza universalmente garantida da Pampulha comece em primeiro lugar no coração de todos nós.
(*) Professor titular da Faculdade de Direito da UFMG
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