Cel PM Ailton Cirilo*
No ano em que a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) completa exatas quatro décadas de inclusão da mulher policial nas fileiras da corporação, discutir sobre a inserção e o protagonismo feminino nos ambientes de trabalho, mais que pertinente, é urgente.
Recentemente, foram realizadas solenidades de formatura do Curso de Formação de Soldados da PMMG e, dentre os primeiros colocados, 30% eram mulheres. Na corporação, a polícia feminina se deu em 1981 por meio do decreto 21.336, que criou a Companhia de Polícia Feminina (Cia PFem). O feito partiu de uma dificuldade dos policiais em lidarem com menores em conflito com a lei ou abandonados, bem como mulheres envolvidas em ilícitos penais.
Na década de 1990, as mulheres passaram a pertencer ao mesmo quadro masculino na Polícia Militar de Minas Gerais, extinguindo quaisquer divisões. Desde então, as policiais atendem às ocorrências no mesmo quadro de trabalho, atuam em batalhões operacionais e outras atividades e fazem escalas de madrugada. Outro tabu extinto: desde o início, as remunerações entre homens e mulheres foram iguais sendo que, na PMMG, o salário sempre foi estabelecido conforme posto e graduação.
Transcorridos 40 anos desde sua inauguração, é visível a presença da mulher policial militar nas diversas atividades operacionais e administrativas, em inúmeros postos e graduações e participando de processos de desenvolvimento institucional como na Defesa Interna e Territorial e nos Quadros de Saúde e de Especialistas.
Embora a participação feminina no mercado de trabalho tenha aumentado nos últimos anos, pesquisas frequentes indicam a necessidade de incentivar ainda mais esse protagonismo. Prioridade nos movimentos feministas, a busca de igualdade nos espaços de trabalho, de poder e decisão deveria ser uma bandeira comum a todos.
O motivo? Maior contratação de mulheres no mercado de trabalho significa aumento na produtividade, visto que elas são rápidas e assertivas na tomada de decisões, conseguem resolver problemas simultaneamente e têm maior facilidade para ouvir. Outro fator preponderante é o crescimento e desenvolvimento econômico do país.
Para além desses quesitos, é preciso defender a igualdade e justiça social, que consiste na ideia de que não é possível se falar em uma sociedade desenvolvida considerando apenas aspectos econômicos. Para que se alcance o estado de bem-estar social, o Estado, enquanto Nação, é obrigado a criar mecanismos que minimizem as diferenças sociais – por meio da garantia de liberdades fundamentais a todos e da igualdade de oportunidades. Assim, defender a presença de mulheres nos diversos espaços sociais, mais que uma bandeira, é um dever de todos.
* Presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (AOPMBM)