Questões sobre o desenvolvimento econômico e social no Brasil

09/08/2016 às 22:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:16

Luciano Nakabashi *

Ultimamente, tenho pensando em algumas questões relacionadas ao desenvolvimento da economia brasileira a partir de uma perspectiva da economia e da sociedade americana.

Na literatura sobre desenvolvimento e crescimento econômico alguns elementos são tidos como cruciais neste processo, como é o caso da qualidade das instituições que determinam os mecanismos de incentivos para pessoas físicas e jurídicas, do sistema tributário e do nível de capital humano. No caso brasileiro, a infraestrutura também é um elemento de primeira ordem visto que é um gargalo importante na últimas décadas.

Uma outra característica de destaque é a qualidade do governo e as políticas macroeconômicas. No campo da economia, existe pouca dúvida de que o governo, em suas diferentes esferas, possui um papel primordial no desenvolvimento econômico e social de cada país e região.

No entanto, no Brasil existe uma cultura arraigada de que tudo depende do governo. Todos querem receber um favor ou um privilégio e, quando as coisas não vão bem, sobretudo na parte financeira, é culpa do governo!

Para que o Estado forneça bens e serviços para a população, é preciso que recursos produtivos (mão de obra e capital) sejam alocados com esse objetivo, e isso pesa sobre o setor privado, prejudicando o desenvolvimento no longo prazo a partir de um certo ponto que parece já termos atingido faz algum tempo.
Algo que a sociedade pode fazer sem necessidade de alocação de recursos produtivos para melhorar a qualidade de vida de todos os cidadãos é pensar mais no próximo e que nossas ações afetam outras pessoas em várias maneiras que nem percebemos.

Na sociedade americana é visível a preocupação em não realizar ações que possam prejudicar outras pessoas e o grau de obediência às regras. É claro que isso depende da qualidade das instituições, mas também é um aspecto influenciado pela cultura do país.

Diferenças 
Uma situação muito comum nos EUA é quando vou sentar em um uma cadeira em um café ou outro lugar e, ao invés da pessoa que deseja fazer o mesmo correr para sentar na minha frente, ela espera ou pergunta se quero sentar. Outra é o maior respeito às regras de trânsito que me deixam mais relaxado na hora de dirigir e que faz com que o número de acidentas seja menor.

Estas são coisas pequenas, mas que quando somadas nas várias situações do cotidiano de cada indivíduo, leva a um resultado extraordinário! Pensar mais no próximo melhora a vida de todos tanto socialmente quanto economicamente.

Ainda temos muito o que melhorar nesse sentido e torço para isso ocorra para que nossos filhos possam viver em um mundo melhor do que aquele que vivemos atualmente. Acredito que podemos fazer as escolhas certas para construir um país melhor.

(*) Doutor em economia, professor da FEA-RP/USP e pesquisador do CEPER/FUNDACE.

 

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