Reflexões iniciais sobre o adoecimento dos professores

20/08/2020 às 08:01.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:19

Por Maria Rita Britto Tupinambá (*)

A ação educativa surgiu das mãos de mestres e professores há pouco mais de quatrocentos anos, constituindo-se gradativamente até sua completa inserção na cultura das sociedades modernas. A profissão docente é tema de discussões científicas, políticas, filosóficas e sociológicas. O adoecimento docente se apresenta como fenômeno de grande incidência, tornando-se categoria central de análise da realidade docente.

Estamos diante de um cenário de tradições renovadas e de múltiplas ressignificações, de mudanças na sociedade e modificações nas formas de representação de si mesmo pelos sujeitos onde podemos observar o fenômeno do adoecimento enraizando-se na própria identidade docente.

Com a alta prevalência de adoecimento entre os professores, podemos afirmar que a identidade profissional, enquanto configuração subjetiva tem sido produzida em alguma medida pelo fenômeno do adoecimento e, partindo do entendimento de que a identidade docente é uma construção subjetiva, podemos afirmar que parte desta identidade tem sido produzida pelo fenômeno do adoecimento.

Os docentes encaram circunstâncias de trabalho conflitantes que podem influenciar seus quadros de adoecimento e mal-estar. Esses processos de adoecimento produzem o esgotamento que pode ocasionar o desenvolvimento de patologias. Percebe-se, assim, que tal profissão é altamente exigente, o que consequentemente ameaça a saúde física e emocional do docente

A identidade é constituída de forma autônoma e heterogênea, tendo o professor papel ativo do professor no seu processo. Como as significações estão cada vez menos institucionalizadas, constroem suas identidades a partir das relações que estabelecem e, ao mesmo tempo em que reconhecem o outro, percebem a si mesmos.

A condição de inacabada é importante para entendermos a identidade docente. Desta condição, é possível ao professor reconhecer-se como ser em constante mudança. Para entendermos o professor é preciso aproximar-se de sua prática, vê-lo inserido em suas ações.

É em sua ação no mundo que o sujeito produz sua identidade e através das trocas simbólicas partilhadas nas relações estabelecidas nos espaços sociais, tornando importante a reflexão sobre novas identidades para os professores no espaço escolar e na sociedade atual.

(*) Psicóloga clínica, professora e coordenadora do curso de Psicologia das Faculdades Promove e Mestre em Desenvolvimento Social

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