Revanchismo insistente

28/05/2018 às 21:37.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:19

Aristóteles Drummond* O envolvimento da política e da ideologia em questões de segurança e de conflitos de rua provoca imensas distorções. E a vítima é quase sempre a verdade. O Brasil volta a discutir fatos relacionados aos movimentos armados para a derrubada dos governos de – Congresso funcionando em relativa normalidade, a imprensa com certa liberdade e assegurados direitos fundamentais, como o de ir e vir. Ou seja, bem longe do que se passava em outros países de regimes fortes, como Cuba. Claro que, numa guerra em que se entra armado, tudo pode acontecer. Infelizmente, nestes casos, a lei que prevalece é a da selva.  Tivemos uma anistia ampla geral e irrestrita. Os chamados crimes de sangue, sequestros etc. foram anistiados reciprocamente. Não teria sentido, por exemplo, o governo americano querer ouvir ou levar à Justiça brasileira os autores da execução do seu militar, Capitão Chandler, fato ocorrido na porta de sua casa, no bairro Pinheiros, na frente de dois filhos menores e da mulher. Ou o governo alemão tomar satisfações com o perdão que demos aos assassinos de um militar seu, morto por engano. Agora, um agente americano escreve uma fantasiosa conversa entre chefes militares brasileiros, inclusive dois presidentes da República, e alguns setores da sociedade aceitam como sendo a mais pura verdade. Ora, o agente estava presente? Falava português? Não denunciou à ONU ou à oposição brasileira, representada no Congresso Nacional? E ainda tem outro “informe” da CIA que faz insinuações ao Presidente Médici que não cassou nem pressionou o Congresso, apenas nos fez crescer a taxas somente igualadas depois pela China. Vivemos outros tempos e enfrentamos problemas muito mais sérios, ligados ao emprego, ao crescimento econômico, à melhoria dos serviços de saúde, educação e segurança pública. Portanto, não devemos ruminar ressentimentos do passado, que ensejaram sofrimentos a muita gente, , inclusive inocentes. Nesse tipo de embate, aqui e em todo lugar, ninguém tem razão. Então, vamos respeitar a anistia e olhar para a frente. *Jornalista e escritor 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por