Síndrome do Olho Seco aumenta durante o inverno

20/08/2018 às 06:00.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:59

Luis Fernando Nominato (*)

Uma das características típicas do inverno brasileiro é o predomínio de massa de ar frio e seco no interior do país. O ar seco pode causar incômodo nos olhos, nariz, lábios e no trato respiratório, em consequência do ressecamento da pele e das mucosas. Por isso, nessa época do ano, doenças como conjuntivites infecciosas e olhos secos costumam aparecer com grande frequência na população. 

Relatos de ardência, sensação de corpo estranho, olhos vermelhos e irritados são alguns dos sintomas que fazem parte das queixas de boa parte dos pacientes no consultório nessa época do ano. A explicação é a Síndrome do Olho Seco, condição que atinge cerca de 18 milhões de brasileiros, segundo a Associação de Pacientes da Síndrome do Olho Seco. 

É uma doença crônica de causa multifatorial caracterizada alterações na composição ou na produção da lágrima. O aumento de queixas durante o inverno está relacionando aos baixos índices de umidade, característicos da estação, o que intensifica a perda da lágrima pela evaporação. Um ato muitas vezes negligenciado; é o ato de piscar, o movimento de abrir e fechar as pálpebras é responsável pela renovação e distribuição do filme lacrimal na superfície ocular. E alguns hábitos do dia a dia como, por exemplo, passar muito tempo na frente do computador, da TV, do smartphone, ou lendo por muito tempo, contribuem para o aparecimento dos sintomas. Normalmente, piscamos 20 vezes por minuto e enquanto estamos fazendo uma dessas atividades esse número cai para quatro vezes por minuto. 

O tratamento mais comum para aliviar os sintomas é o uso de colírios que simulam as lágrimas e em consequência, melhoram a lubrificação dos olhos. Entretanto, é importante que o diagnóstico seja feito por um oftalmologista. O diagnóstico normalmente ser feito em uma consulta de rotina com o auxílio de alguns testes específicos, como teste de Schirmer, teste de rosa bengala, tempo de ruptura do filme lacrimal com fluoresceína. Eventualmente, pode- se proceder a uma análise laboratorial da lágrima. Em casos mais graves, a Síndrome do Olho Seco pode ser tratada por meio de anti-inflamatórios, utilizados com supervisão médica, ou até mesmo com intervenções cirúrgicas diretas no canal ou nos pontos lagrimais. 

Algumas outras atitudes, que não dependem do uso de medicamentos, podem ser tomadas para ajudar no desconforto: o uso de umidificadores de ambiente e aumentar a quantidade de ingestão de água ao longo do dia podem fazer uma grande diferença no tratamento. Se você fica muito tempo na frente do computador pode criar o hábito de se lembrar de desviar o olhar da tela de tempos em tempos. Fixar a visão em um ponto a alguns metros de distância, por alguns segundos, e piscar conscientemente já pode ser o suficiente para aliviar o desconforto ocular.

(*) Oftalmologista do Hospital dos Olhos Rui Marinho 

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