Saiba escutar no mundo digital

10/02/2017 às 20:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:51

Sulamita Mendes*

A maioria das pessoas sabe ou pelo menos já leu em alguma mensagem que para se comunicar adequadamente é preciso aprender a escutar, sem querer responder o tempo todo. Escutar para compreender o outro e assimilar o que ele quer expressar e não já ficar bolando o que vai dizer como resposta ou interromper sem nem dar chance ao outro falar.

Pois bem, e como é isso nos dias atuais, de mídias sociais? Como posso escutar alguém se estamos em um mundo do faz de conta que está tudo bem, todo mundo é igual e pensa da mesma forma? Algumas pessoas desconhecem que vivem em uma bolha de opiniões. Exato, não conseguem perceber que nem todo mundo pensa igual ao que elas defendem. É lógico que os iguais se atraem no mundo digital e que nas redes sociais muitos somem de nossa timeline não porque deixaram de ser nossos amigos, mas porque não compartilham de mesmas opiniões e gostos e automaticamente (literalmente falando) começam a aparecer cada vez menos.

Oras, se uma pessoa entra em nossa página e escreve algo que contradiz o que defendemos, normalmente perdemos a chance de aprender com a diferença se já saímos brigando, ou seja, não damos chance para “escutar”. Com isso, ficamos cada vez mais incapacitados para o diálogo, para o novo, para o crescimento. Não quer dizer que haja necessidade de mudança, mas não precisamos e não devemos nos fechar para o mundo e para opiniões contrárias.

É loucura! Loucura porque não tem como fazer de conta que a opinião contrária não existe e que é possível se fechar e só conversar com quem comunga do mesmo raciocínio, do mesmo argumento. Loucura porque cada vez mais o mundo fica pequeno a partir do momento que acontece o boicote ao novo, ao diferente. Com isso, é promovida uma comunicação de raiva, de ganha-ganha ou de perde-perde. 

Dia desses ouvi de uma amiga uma frase que resolvi aplicá-la em muitos momentos de minha comunicação. Preciso me comunicar com minha mente e meu coração, não posso deixar para me comunicar com o estômago. Por isso, temos que aprender novamente a escutar, quem sabe muitos conflitos resultem em crescimento e inovação.

(*) Especialista em comunicação e marketing, doutoranda em psicologia social e professora do Centro Europeu de Curitiba (PR)
 

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