Bady Curi Neto (*)
Todas às vezes que um fato que causa repugnância à população começa a se tornar corriqueiro tende a deixar de ser repulsivo para se tornar habitual à vida social. Isto tem ocorrido com a violência.
Os jornais e as redes sociais têm mostrado diuturnamente cenas de violência como assaltos, homicídios, estupros, trocas de tiros e etc., que outrora seria repulsivo, hoje a indignação é momentânea.
Para esse estado de violência sempre procuramos as causas: impunidade, excesso carcerário, falta de escolaridade, educação, dentre outras.
Não restam dúvidas de que a escolaridade e a educação de uma nação tendem a diminuir a criminalidade, mas para que ocorra, é necessário um investimento maciço nestas áreas e tempo de gerações para a formação das pessoas.
A impunidade e o excesso carcerário são uma realidade, mas não há de permitir que minorias que cometem crimes coloquem em risco a vida da população obreira. Infelizmente, enquanto não se tem um sistema carcerário que permita a reintegração do criminoso à sociedade, deve-se segregá-los da vida social, minimizando a possibilidade de reincidência.
Hoje vivemos a inversão de valores. A palavra de um delinquente vale mais do que a da autoridade policial. Acusações de tortura física ou psicológica, excesso ou abuso de autoridade têm uma repercussão maior do que o crime cometido pelo infrator.
Não se está, por óbvio, a justificar desvios de conduta, mas a Polícia Repressiva não pode ficar refém de bandidos. Se houve troca de tiros que morra o bandido e não o policial que está desempenhando a sua função, o seu trabalho árduo de alta periculosidade, com salários, geralmente, incompatíveis com a profissão.
Apesar de defensor dos Direitos Humanos, vejo que algumas pessoas que militam a seu favor estão com uma visão distorcida. Nunca vi um trabalho sério a favor das vítimas, sempre visam a defesa do criminoso. O excesso de leniência com indivíduos que cometem crimes contra a vida tem permitido ao Brasil se tornar um dos mais inseguros para se viver.
Não podemos perder a indignação e a repulsa com a violência. Devemos cobrar medidas austeras de prevenção e repressão à criminalidade não apenas durante os grandes eventos como a Conferência Rio-92 da ONU, Copa do Mundo e as Olimpíadas, mas durante todo o ano, sem banalizá-la e julgá-la como simples fato do cotidiano.
Se nestas ocasiões há diminuição de criminalidade, visando receber os estrangeiros, há como se fazer um país mais seguro para os brasileiros.
(*) Advogado ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais