Sistema de moldagem de deformidades das orelhas

27/08/2018 às 06:00.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:08

João Daniel Caliman e Gurgel (*)

É muito comum que bebês nasçam com orelhas dobradas, proeminentes (em abano) ou amassadas. Após seu crescimento e desenvolvimento, crianças com deformidades das orelhas geralmente sofrem provocações, insultos e bullying. Embora algumas deformidades das orelhas se corrijam com o passar do tempo, estudos mostram que a maior parte dessas alterações não regridem. 

Infelizmente, nenhum médico pode prever quais orelhas melhorarão naturalmente ou quais permanecerão alteradas ou mesmo terão seu aspecto piorado com o crescimento do bebê. Até agora, a opção para elas era o tratamento cirúrgico após os 6 anos de idade (cirurgia de otoplastia). E anualmente, cerca de 300.000 pessoas se submetem a este procedimento.

Quando estas alterações são diagnosticadas e encaminhadas para tratamento nas primeiras semanas de vida, o tratamento por moldagem está indicado e possui excelentes resultados. O EarWell é um sistema de moldes e curativos que permite a correção de defeitos das orelhas de bebês recém-nascidos de até 6 semanas, sem a necessidade de cortes ou cirurgias. Dentre elas, mas não somente, as conhecidas orelhas de abano. O produto, desenvolvido e fabricado nos Estados Unidos, já está disponível em toda a América do Norte, Europa e mais recentemente no Brasil.

O procedimento de aplicação do aparelho é feito no consultório médico, em apenas poucos minutos, geralmente com o bebê dormindo. Os suportes e moldes são trocados aproximadamente a cada 2 semanas e, após 4 a 6 semanas, as orelhas terão um formato normal. A aplicação do produto é geralmente realizada pelo médico otorrinolaringologista ou cirurgião plástico.

Pesquisas mostram que, desde que o tratamento seja iniciado nas primeiras semanas de vida do bebê, o sucesso do tratamento ocorre em 90% das crianças. E está aí talvez o aspecto mais importante para que os pequenos pacientes se beneficiem. O tratamento só funciona se iniciado nos primeiros 45 dias de vida. Isso porque somente até este limite a cartilagem da orelha do bebê ainda é maleável, permitindo que seja modelada. Depois dessa idade, a cartilagem endurece e os moldes perdem a eficácia, restando apenas a opção da cirurgia. Pelo mesmo motivo, uma vez remodelada a tempo, o resultado obtido é definitivo.

Devido ao componente hereditário das orelhas em abano, pais que apresentam esta alteração e que querem evitar que seus filhos a mantenham podem se programar para o tratamento antes mesmo da criança nascer. Caso o bebê apresente e mantenha o problema após uma semana de vida, o molde já poderá ser aplicado.

(*) Mestre e Doutor em Medicina (Otorrinolaringologia) pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

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