Smartphone sobre rodas

27/09/2018 às 00:37.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:40

Daniel José Pimenta *

Pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas(Ipea), feita há cerca de cinco anos, mostra que mais da metade dos domicílios brasileiros possuíam pelo menos um veículo: ou um carro ou uma motocicleta. Nesse mesmo período, segundo o IBGE, metade dos brasileiros teve acesso à internet. Mas qual é a relação entre os veículos e a internet? Estamos falando de duas paixões nacionais. O brasileiro é apaixonado por carros. E o Brasil está entre os dez países que mais acessam a internet no mundo. Se naquela época o número de aparelhos celulares não era tão expressivo, hoje a quantidade é maior que a população do país. O número de veículos também aumentou de maneira significativa. Será que a relação entre esses dois mundos se deu da mesma forma? Vejamos.

A tecnologia Global System for Mobile Communications (GSM) , de posicionamento dos veículos, permitindo a utilização do GPS, começou por volta de 1996. Já a rede Bluetooth – padrão 802.15, nos sons automotivos, chegou por volta de 2009. Estamos falando de quase 10 anos atrás. Observem que eram avanços tecnológicos que somente alguns veículos possuíam e, mesmo nos dias de hoje, alguns veículos do segmento premium vêm com essa tecnologia somente quando o futuro proprietário solicita a inclusão de algum pacote tecnológico. Ou seja, o mundo automotivo vem absorvendo cada vez mais as facilidades oferecidas pelo mundo tecnológico. Seja em dispositivos de segurança, quanto em conforto e praticidade. Atualmente, quando você entra em um veículo “high-tech”, seu celular já sincroniza com a central multimídia, mostrando os contatos do celular na tela. Seu posicionamento, sua “play-list”, a rota que você vai seguir, seus recados e lembretes, tudo aparece na telinha.

Até a sua maneira de conduzir o veículo já pode ser monitorada, prevendo e lhe avisando da chegada do seu sono, numa viagem mais prolongada. Estacionar em uma vaga apertada já não é mais problema para alguns motoristas, pois o veículo fará a parte mais difícil. Se aparecer algum objeto repentinamente na estrada, não se preocupe: o sistema operacional do mesmo se encarregará de acionar os mecanismos de frenagem. Nessas horas, nós, da área tecnológica, imaginamos os processos e threads do sistema atuando nas procedures anti-colisão. A temperatura ambiente, a estabilidade, controle de tração, pressão dos pneus, tudo aparecendo na tela da central multimídia ou na tela do seu celular, você escolhe. 

Os dois sistemas operacionais, tanto o do veículo quando o do celular, vão interagindo entre si numa fluidez quase congênita. O mesmo smartphone que recebe suas mensagens de WhatsApp é o mesmo smartphone que poderá até ligar o motor do seu carro a distância. 

Seu veículo não é mais o mesmo. Ele possui motor, rodas, sensores, softwares diversos, processadores, barramentos, LAN e porta USB. Se conecta à rede mundial, envia-lhe mensagens sobre restaurantes interessantes, previsão do tempo e se chover ele mesmo aciona os limpadores. Se ele não ligar pela manhã, você não sabe se leva o para consertar ou para formatar. Mas você, lendo essa matéria, pode estar se perguntando: mas meu veículo ainda não é assim. Não se preocupe: se lembra de que seu celular também não era assim? 

(*) Mestre e bacharel em Engenharia Elétrica pela UFMG, professor dos cursos de tecnologia em redes de computadores, sistemas para internet e bacharelado em sistemas de informação no Centro Universitário Promove há 10 anos. Analista de Datacenter da Claro Brasil. 

 

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