Tecnocracia não garante prosperidade

19/04/2021 às 14:32.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:43

 Aristóteles Drummond 

 Apesar da forte presença nos postos-chave das grandes empresas de profissionais selecionados pelo currículo – exaltando mestrados e cursos nas grandes universidades do hemisfério norte –, a tradição no Brasil é de fortunas geradas pelo trabalho, sensibilidade, carisma e pela determinação.

 Nas propriedades prósperas do agronegócio, mesmo nas culturas mecanizadas, ainda prevalece a vocação, a experiência repassada por gerações, agregando, é claro, a mais moderna tecnologia. Agora mesmo, o governo está empenhado em levar a Internet a todo o interior, para permitir uma gestão mais moderna.

 Nos serviços, transporte rodoviário em especial, carga e passageiros, são homens formados no trabalho. A gestão ainda é dos  fundadores, ou seus herdeiros, como Camilo Cola (Itapemirim), Jelson Antunes (1001), Irmãos Chieppe (Águia Branca),  Jacob Barata, grande conglomerado, a família Brás, de Muriaé, Grupo Líder, sendo o patriarca hoje prefeito da cidade, aos 95 anos.

 Empreendedorismo, dinamismo e sensibilidade para ganhar mercado com qualidade e produtividade não são improvisados. A formação acadêmica de qualidade é indispensável, mas nem sempre o são na mesa de decisões, na solução de problemas que demandam a chamada inteligência emocional. Amador Aguiar, do Bradesco, sem curso superior, Moreira Sales, curso de Direito que nunca exerceu, assim como Magalhães Pinto, Clemente Faria e agora André Esteves, com um curso de matemático. Esta é a importância de se estimular o empreendedorismo, tão fundamental como a formação acadêmica. Talentos não se improvisam.

 Uma análise do “quem é quem” nas empresas brasileiras vai mostrar nossa mobilidade social. Boa parte de nossas empresas foi construída a partir do zero, incluindo as maiores organizações de capital nacional, no comércio, na indústria e nos serviços. No sistema financeiro, só agora, com a sofisticação dos mercados, a formação de alto nível passou a ser relevante, sem eliminar o carisma para garantir confiança e boas relações. Saber fazer, crescer, conquistar é um dom.

 As novas gerações precisam estar mais equipadas para competir no mundo globalizado. E nisso temos avançado, com muitos casos de sucesso e inciativas de grupos empresariais que investem na educação, como Bradesco, Ambev e BTG Pactual. Ocupam o vazio deixado pelo sistema S, que, considerando os recursos disponíveis, faz cada vez menos pelo ensino profissional, valorizando outras atividades que não parecem ser as inspiradoras da feliz iniciativa de Getúlio Vargas. Mas apoiar o pequeno empreendedor é importante, para ele amanhã ser grande.

 O Brasil, se der certo, vai precisar de pragmatismo na gestão, conciliando a experiência e o talento, o tino comercial, a criatividade industrial, a eficiência dos serviços, a tecnologia digital e formas de gestão objetivas na busca de resultados.

 Empresa tem como prioridade atender a seus acionistas, colaboradores, clientes e sociedade no que toca a seu objetivo social. O resto deve ser feito, mas por dever de consciência, em entidades especificas, e não como meta empresarial.

 O publico quer bom produto, bom preço, ética,  boas relações trabalhistas. 

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