Gerson Lopes*
As mulheres são as mais atingidas pela deficiência ou ausência persistente do desejo sexual. Uma em cada dez delas sofre do Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH). Isso acontece em função da resposta sexual feminina. As reações delas resultam mais da intimidade do que do estímulo físico. Por isso, é necessário investigar mais profundamente cada caso identificar o tratamento adequado.
Diversos fatores podem desencadear o transtorno, desde questões biológicas, como desequilíbrios hormonais e infecções, até fatores psicológicos, culturais e interpessoais, como ansiedade, depressão, traumas de infância e questões morais. Muitas vezes, os sintomas persistem por meses ou até anos, gerando graves consequências para os relacionamentos, as relações de casais e a autoestima.
A mulher não é estimulada a conhecer o próprio corpo, a se ver e se tocar, ao contrário do que acontece com os homens. Entretanto, essa realidade está mudando e, atualmente, já são comuns relatos que elas estão descobrindo cada vez mais sua sexualidade e ganhando mais liberdades para os desejos. O avanço dos movimentos feministas e a difusão, cada dia maior das ideias de igualdade entre os gêneros em todos os âmbitos sociais e privados, têm sido importantes para a “libertação” da sexualidade feminina.
Outro fator influenciador ocorre durante a maternidade, visto que, pode acontecer um conflito entre o lado maternal e sexual da mulher. Os casos de depressão pós-parto, acompanhados de queixas de baixa libido são recorrentes e afetam profundamente a vida da mulher e do casal. É preciso desmitificar a ideia de que mães são seres ‘puros’ e que não podem ter uma vida sexual ativa. As situações de abuso sexual na infância ou mesmo na vida adulta, sentimento de culpa e problemas no relacionamento também são grandes causadores do Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo.
O tratamento desse distúrbio requer uma rigorosa avaliação clínica para entender as causas da baixa libido. A maioria dos casos tem origem psicossocial, por isso, as abordagens terapêuticas são muito utilizadas para estimular uma reeducação, visando a informação e a permissão sexual.
(*) Sexólogo, membro da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais