Trump Presidente

09/11/2016 às 20:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:35

Antônio Álvares da Silva*

O mundo acordou ontem com a notícia que mais se divulgou no mundo até hoje: a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos. Resta entender e lidar com o fato.

A campanha do presidente eleito foi agressiva e xenofóbica. Pregou a construção de amplo muro na fronteira com o México, defendeu o protecionismo econômico e a restrição a refugiados e estrangeiros. Falou contra mulheres, foi acusado de assédio sexual. Nunca demonstrou serenidade. Mas agora, contrariando todas as pesquisas, ele ganha as eleições. 

Estes fatos são apenas análises formais. Atrás desta guinada, pergunta-se: os Estados vão seguir outra trilha, diferente da de Obama? É bom lembrar que cerca de 21% dos americanos são latinos ou descendentes. Agora vão ser discriminados? Trump vai praticar agora protecionismo numa época em que a abertura e inclusão são a regra geral?

Do ponto de vista político, qual a democracia que vão exportar? Uma democracia que discrimina, exclui e explora ou uma ideologia que se expande através de um comércio forte com o mundo? Vão declarar guerra total ao Exército Islâmico, esquecendo que este exército é fruto de situações políticas mal resolvidas?

As perguntas se multiplicam e as respostas inquietam e estressam, não só os americanos, mas o mundo. Em seu primeiro discurso, Trump mudou o tom. Falou em união e paz, bem como em contato e relações exteriores com todos os países. Já mudou o perfil e falou com sensatez.

Não podia ser diferente. O que os EUA são eles devem ao mundo. Se fossem um país fechado, religioso e extremado, talvez tivessem construído um estado teocrático, governado por deuses e não por administradores capazes e operantes. Não teriam jamais feito o que fizeram.

Se é verdade que a democracia por si só não faz de um país uma grande nação, também é certo que nenhum país se tornou grande sem praticá-la. É de se esperar que os Estados Unidos sejam o exemplo de uma democracia em que a ordem econômica se compatibilize com a ordem social.

Trump já viu, no primeiro dia de sua vitória, que campanhas se fazem com retórica, mas administração se realiza com trabalho. É desejável para o mundo que ele amplie a grande nação que vai dirigir e não destrua o que foi feito com tanto esforço por seu povo. O mundo quer saber qual é realmente o perfil de seu rosto.

(*) Professor titular da Faculdade de Direito da UFMG

 

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