Turismo regional: uma luz no fim do túnel

08/11/2020 às 14:37.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:59

Francely Lopes*

A pandemia do novo coronavírus vem impondo uma série de restrições ao estilo de vida que era adotado até meados de março no Brasil. Com o crescimento de casos, não só trabalho, estudo e passeios tiveram de ser adaptados, mas também as viagens, que, de início, foram canceladas ou adiadas. Quase sete meses depois do primeiro registro de Covid-19 no país, o turismo ensaia uma retomada, mas desta vez as viagens de carro dentro do próprio estado ganham destaque. 

De acordo com especialistas, essa preferência dos cidadãos por deslocamentos mais curtos e em um automóvel acontecerá como medida preventiva e também pelo medo de pegar a doença. O mesmo comportamento foi registrado na China, em que 77% dos mil chineses entrevistados, de 18 a 24 anos, deram prioridade aos destinos regionais em sua primeira viagem após a quarentena. A pesquisa foi realizada pela consultoria Oliver Wyman. No Brasil, dados divulgados recentemente também mostram o país acompanhando essa curva de tendência pelo turismo regional. Dos entrevistados pelo Opinion Box, 54% pretendem viajar em 2020 dentro do próprio estado, 44% querem explorar o Brasil e 9% pretendem ir para o exterior.

Outro fator que deve impulsionar o turismo regional são os feriados e fins de semana. Na rede hoteleira temos percebido uma busca maior de hóspedes que querem reservar duas ou três diárias apenas. O motivo é o desejo de respirar novos ares nos dias de folga, seja com a família ou com o parceiro (a), e se livrar do estresse causado pelo isolamento social. Um café da manhã gostoso servido no quarto, uma área de lazer agradável com uma piscina para se refrescar enquanto os filhos brincam e a proximidade a pontos turísticos como bares da capital e cachoeiras do entorno são atrativos que enchem os olhos e atraem esse público. 

Para se ter uma ideia no último feriado da Independência do Brasil, pela primeira vez desde o início da pandemia de coronavírus, hotéis e pousadas de diferentes regiões do Brasil tiveram alta na procura por vagas. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), os turistas optaram por fazer deslocamentos mais curtos e dentro da própria região - em alguns lugares, a taxa de ocupação chegou a atingir 90%.

Pertinente ressaltar também a pesquisa do Sebrae-SP que avaliou os impactos e tendências pós-pandemia no turismo apontou que as palavras-chaves que lideram as pesquisas são: cachoeiras, trilhas, montanha, natureza e cavernas. Somado a isso, há a preferência que essas atividades estejam em destinos próximos. Mais um motivo para investirmos no crescimento do turismo regional em nosso estado não acha? Nosso estado é desenhado por belas montanhas, rico em cachoeiras, trilhas, grutas e diversas opções para o ecoturismo, tornando-se um grande chamariz para esses turistas.

Concluo esse artigo destacando que apesar do costume ainda incipiente dos mineiros de optar por viagens regionais, a expectativa é que se houver um apoio e empenho do governo local e estadual, além de entidades do setor, por meio de campanhas e ações de incentivo, consigamos fomentar o turismo regional e impulsionar também a economia no Estado. Essa é uma das fases econômicas mais difíceis já vivenciadas pela hotelaria e o que vemos é um descaso dos governantes em atender um setor que, em 2019, pagou aos cofres municipais, aproximadamente, R$ 30 milhões em impostos.

Levanto aqui essa bandeira, para a prefeitura de BH e o governo estadual, com apoio das entidades desenvolvam medidas para permitir a sobrevivência do setor, definindo estratégias que permitam ao Estado continuar aproveitando ao máximo do seu potencial. E, nesse sentido, a valorização do turismo regional certamente será um pilar vital nesse processo.

*Gerente Geral do Hotel Caesar Business Belvedere


 

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