Um caminho sem volta

22/06/2018 às 20:16.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:56

O ano de 2017 foi de muitas comemorações para a comunidade científica. Em Minas Gerais, muito se discutiu sobre a cirurgia robótica, alternativa que ganha cada vez mais espaço, apesar dos gargalos, como o alto custo dos equipamentos (cerca de US$ 2 milhões, mais manutenção) e dos materiais cirúrgicos, além do complexo treinamento profissional, em parte realizado no exterior.

A tendência é que a plataforma se espalhe, abrangendo também o Sistema Único de Saúde (SUS), única entrada para mais de dois terços dos brasileiros. Atualmente, governo federal oferece incentivos fiscais para projetos que utilizem a tecnologia robótica, por meio dos programas de Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS) e Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (Pronon), feitos por entidades filantrópicas credenciadas.

Refere-se a uma abordagem que responde por mais de 80% dos tratamentos nos EUA e em países europeus. Não é exagero dizer que, em uma década, mais ou menos, os médicos deverão estar completamente habituados a essa tendência. As vantagens da plataforma robótica são conhecidas: visão tridimensional com alta definição, câmera fixa, maior mobilidade das pinças e movimentos, maior número de instrumentos sob controle do cirurgião, ausência de tremor, menor curva de aprendizado, além de tornar factível a intervenção minimamente invasiva em pacientes obesas.

O robô Da Vinci XI – primeiro de Minas Gerais e segundo do Brasil – é um diferencial para a cirurgia oncológica. Nos casos de câncer ginecológico, por exemplo, é possível identificar tumores em tempo real através de uma tecnologia de infravermelho, o Firefly. A imagem de fluorescência permite que os cirurgiões vejam e avaliem melhor a anatomia de vasos e estruturas. As patologias benignas também são tratadas de modo diferente. Pensemos na endometriose profunda, uma doença que complica a vida de muitas mulheres. Pela via robótica, garante-se a preservação da fertilidade e das estruturas anatômicas, além de uma recuperação mais rápida.

O público se mostra receptivo a receber cuidados de robôs, especialmente em mercados emergentes, conforme resultados da pesquisa “What doctor? Why AI and robotics will define New Health”, da PwC. O levantamento ouviu quase 11 mil pessoas de 12 países da Europa, África e Oriente Médio e constatou que 55% dos entrevistados assinalaram positivamente a possibilidade de serem atendidos por robôs com inteligência artificial.

É importante ressaltar que o robô não faz nada sozinho. Qualquer movimento é determinado pelo cirurgião. Assim, o sucesso de uma cirurgia está mais ligado à experiência do profissional e menos ao método utilizado. Os avanços são impressionantes, mas não significa que as cirurgias convencionais desaparecerão. Em medicina cada caso é único. Haverá situações em que os procedimentos tradicionais continuarão sendo os mais indicados. Mas, quando os dois caminhos forem possíveis, as cirurgias minimamente invasivas poderão trazer mais vantagens.

Agnaldo Lopes Silva Filho (*)
 

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