Um encontro histórico e promissor

25/03/2016 às 19:14.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:38

Aristóteles Atheniense (*)

Tudo faz crer que a visita do presidente Barack Obama a Cuba concorrerá para a derrubada do embargo econômico imposto à ilha, há 54 anos, pelos Estados Unidos. A esta altura, tornou-se consensual que aquela medida, aplicada no período da Guerra Fria, acarreta mais prejuízo aos cubanos do que a Fidel e Raúl Castro. Estes se valem da restrição para justificar a ditadura implantada, mantendo o povo numa situação de penúria.
Como todos os países do Caribe preservam laços diplomáticos e comerciais com Cuba, haverá de parte dessas nações incontido proveito com a queda da limitação imposta devido à abolição da malsinada lei Helms-Burton, repudiada pela maioria dos países.
Não se pode, no entanto, ignorar as melhorias implementadas pelo presidente Raúl Castro, a partir de 2008, fazendo com que 20% da população esteja atualmente exercendo atividade privada.
Somem-se a esta transigência as receitas provenientes do turismo e os recursos enviados à nação de origem pelos cubanos que se encontram no exílio.
Assim, a chamada “atualização do socialismo” não pode ser entendida como um passo largo no caminho da democracia, mas somente uma reaproxima-ção gradual que, futuramente, poderá acelerar a assimilação daquele regime.
Vale ressaltar que, como a esquerda latino-americana está perdendo terreno, torna-se mais conveniente ao regime dos Castro aproximar-se do antigo adversário do que confiar na ajuda da Venezuela, Bolívia, Argentina – e mesmo do Brasil.
Ainda que o sucessor de Obama não esteja propenso a abreviar esta aproximação, ela tornou-se inevitável. Não havendo como impedi-la, doravante, ainda que os Estados Unidos venham a suportar a xenofobia bombástica do destemperado Donald Trump.
A ida de Barack Obama a Argentina, estendendo a mão ao presidente Mauricio Macri, é sinal evidente de que a oposição canhestra de Cristina Kirchner e de seu parceiro Nicolás Maduro perdeu-se na bruma do tempo e da história.
A recente ida de Federica Mogherini, alta representante da União Europeia para política externa, a Cuba, contribuirá para a plena normalização de seus vínculos com o mundo.
Por igual, servirá para eliminar a política desastrada que existia entre o país visitado e a Europa, desde 1996, mormente pelo fato daquela diplomata haver censurado o bloqueio norte-americano ao afirmar: “a posição da União Europeia é clara: não aceitamos que empresas europeias sofram penalizações”.
Para os bons entendedores isto significou que, também, em relação às empresas cubanas o mesmo deverá ocorrer, eliminando-se essa sanção, o quanto antes.

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB; diretor do IAB e do Iamg; presidente da AMLJ

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