Uma autoridade, por favor!

23/09/2016 às 21:43.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:57

Sérgio Porfírio*

A adolescência se estendeu! Hoje as crianças entram nessa fase mais cedo e muitos indivíduos a deixam bem mais tarde. Além de todas as mudanças físicas, o sujeito adolescente se depara com questões relacionadas à sexualidade, adormecida no período da infância, e à identidade: quem sou eu para o mundo?

O mais comum nesse período é a perda, por parte do adolescente, do referencial de regras, geralmente representado pela família. O que foi aprendido na infância pouco faz sentido para ele, uma vez que seu horizonte se ampliou, fazendo surgir possibilidades. Essa fase é marcada pela agressividade e muitas vezes pelo “abandono” à família. O outro, adulto, para ele, não sabe nada. 

É muito comum esse período ser representado por um grande desgaste nas relações familiares, conflitos repetitivos, questionamentos da autoridade e o “abandono”, que ultimamente tem afetado pais e filhos. Compreensivo pensar que nesses tempos de imprevisibilidade e instabilidade a família também se encontre desamparada, sem saber como lidar com as questões da adolescência.

Diante dessa efervescência de acontecimentos e mudanças o adolescente contemporâneo repudia o autoritarismo e, ao mesmo tempo, inconscientemente, de maneira controversa, demanda autoridade: a subordinação está nos vínculos e não mais nas regras.

Diferentemente da arbitrariedade, a autoridade se constrói por meio dos vínculos e das referências, que podem-se transformar em admiração e respeito. Quando existe o respeito, fica mais fácil estabelecer limites. Os adolescentes precisam de referenciais de respeito, regras e amor. Precisam construir autonomia, mas uma autonomia velada e compartilhada.

Importante que as famílias não “abandonem” seus filhos. Mais do que nunca eles necessitam de referenciais, mesmo que aparentemente os desprezem. Os pais devem lançar mão do amor incondicional e estar presentes nessa fase tão difícil. 

Exercer autoridade e estabelecer limites também são formas de amar e de se fazer amado.

(*)Diretor de Ensino do Colégio Magnum Buritis, Especialista em Educação e Psicanálise da Criança e do Adolescente

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por