Unidade humanitária

18/07/2016 às 20:02.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:21

Wagner Dias Ferreira*
 

Um deputado estadual foi agredido com spray de pimenta por policiais militares no 21 de abril, quando adentrava à praça Tiradentes acompanhado de sindicalistas policiais para manifestarem contra o parcelamento de salários. Em audiências públicas sobre o assunto, enfatizei a importância da luta sindical ser colocada em um contexto maior, unida a outras lutas sociais: sindicalistas policiais deveriam ficar com outros sindicalistas que os policiais já reprimiram com força, spray de pimenta e gás lacrimogêneo.

O Brasil, desde o início do século 20, presencia a força de manifestações. Em semelhança àquelas de 1917 onde movimentos de trabalhadores de orientação anarquista que aportaram no Brasil com a chegada de imigrantes europeus adquiriram visibilidade.

Depois, movimentos comunistas mostraram resistência à ditadura de Vargas. Na ditadura ocorreram eventos, fruto de segmentos populares de resistência pela luta armada. Seguida pela mobilização que proporcionou grande participação na elaboração constitucional com contribuições populares, que levaram a uma Constituição plural.

Recentemente, as mobilizações que têm ido para a rua, dispersas, radiais (apontam em direções diversas – gente querendo democracia, outros a volta de militares ao poder ditatorial) têm produzido ambiente político caótico. De forma que não emerge a direção para a qual todos caminhem.

Assim, a ausência de uma fraternidade entre as mobilizações sindicais faz com que percam força e emergem isoladas. Como pareceu na mídia o evento envolvendo o deputado vitimado por spray de pimenta. Esse isolamento torna visível o risco de negar a construção histórica dos movimentos unificados e de não alcançar vitórias e conquistas.

Por isso a importância das entidades de classe de policiais dialogarem com professores, servidores da saúde, sindicatos de trabalhadores da iniciativa privada de modo que ao levantar a voz e serem resistidos pela força pública sejam irmanados com segmentos para que não corram o risco de dispersão.

*Advogado e Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG

 

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