No final do ano passado, o Grêmio ganhou a Copa do Brasil até com certa facilidade, mostrando uma superioridade impressionante sobre o Cruzeiro, nas semifinais, e o Atlético, na decisão.
O time do técnico Renato Gaúcho, que ficou quase dois anos sem treinar time algum, até mesmo marginalizado no mercado, tinha como grande trunfo um meio formado por três volantes (Wallace, Maicon e Ramiro) e um meia (Douglas).
Este ano, o “Rei da Praia” segue no clube gaúcho, que apesar de não ser o líder do Campeonato Brasileiro, apresenta sem dúvida o melhor futebol do país nesta temporada. E o mais curioso é que o setor apontado como trunfo gremista está quase todo desmontado.
Wallace foi vendido ao Hamburgo, da Alemanha, no fim do ano passado. Seu substituto passou a ser Michel, que se destacou no ano passado no Atlético-GO. As contusões fizeram com que Maicon fosse mais ausência que presença no time de Renato Gaúcho. Isso abriu espaço para Arthur, cria da base gremista e uma aposta do seu treinador.
Douglas teve uma lesão séria, passou por uma cirurgia e praticamente não jogou ainda em 2017. O treinador famoso pelas peladas de futevôlei recuou Luan, melhor jogador do Brasil na atualidade, para exercer a sua função e o ataque ganhou o paraguaio Lucas Barrios, que foi “esnobado” pelo milionário Palmeiras, que preferiu pagar R$ 34 milhões para ter o colombiano Borja em seu lugar.
Há dois anos, se Atlético ou Cruzeiro anunciassem a contratação de Renato Gaúcho como treinador, era perigoso suas torcidas irem ao aeroporto bater no treinador e nas diretorias.
Hoje, o “Rato de Praia” comanda o melhor time do Brasil, que mostrou toda a sua força na partida de ida das semifinais da Copa do Brasil, na última quarta-feira, quando foi soberano sobre um Cruzeiro que abusou dos equívocos em Porto Alegre.
E esses equívocos tiveram participação direta de Mano Menezes, com passagem pela Seleção Brasileira, cursos na Europa e muita badalação.
Meu objetivo não é esculhambar ninguém, nem querer provar que treinador de futebol importa pouco. Mas há algo de errado no Brasil. E disso não tenho dúvida.
O cara marginalizado, que passou dois anos com as idas à Praia de Ipanema como atividade principal, ser hoje o treinador do melhor time do futebol brasileiro é o indício de que é preciso se discutir o que está acontecendo em nossos gramados.
O jogo coletivo do time de Renato Gaúcho impressiona, principalmente por ser uma equipe relativamente barata, principalmente se comparada a outras, como Palmeiras, Atlético e Flamengo, por exemplo.
Na quarta-feira que vem, quando Cruzeiro e Grêmio decidem a vaga na decisão da Copa do Brasil, estará em julgamento principalmente o trabalho de Mano Menezes. E disso não tenho a menor dúvida. Seus erros na preparação do time para o jogo em Porto Alegre foram desde a utilização de muitos titulares diante do São Paulo, três dias antes, pelo Brasileirão, até a apostas equivocadas, a maior delas, sem dúvida, Lucas Silva, que já deu inúmeras demonstrações de ser um volante que não consegue exercer sua função principal, que é marcar.
A partida de volta contra o Grêmio dita a sequência de Mano Menezes na Toca II. Não que ele será demitido em caso de eliminação. Mas a trégua que a torcida deu a ele nos últimos tempos, com certeza acabará.