Sérgio Neves desembarcou em Minas Gerais em 2004, quando foi Diretor de Contratos da Odebrecht. Em quatro anos, foi promovido a Diretor-Superintendente no Estado. Ganhou a confiança dos donos da empreiteira. Era o negociador de propinas da Odebrecht em Minas, conforme contou aos investigadores da operação “Lava Jato”.
Ele respondia a Benedito Júnior, o BJ, que também passou pela Superintendência em Minas, antes de Neves. Quando chegou, logo percebeu qual grupo político dominava o cenário local. E ganhou o respeito deles. “Como Diretor-Superintendente eu tinha atuação e coincidiu com o governo do PSDB em Minas. Muito focado no líder maior de Minas: Aécio Neves e seu grupo político”, diz Neves em um vídeo gravado pela Procuradoria da República e que integra os pedidos de inquérito contra Aécio.
Sérgio contou aos investigadores que Oswaldo Borges da Costa era o operador de Aécio. Qualquer demanda do senador, era concretizada por Oswaldinho. “Eram pedidos do Aécio Neves para o Benedito Júnior, que por sua vez, pedia para operacionalizar com o seu operador financeiro que era o Oswaldo Borges da Costa”, diz Neves.
Os investigadores perguntam ao ex-superintendente se ele tem algo mais, além do depoimento, para comprovar os fatos narrados. Neves então conta que tem endereços de reuniões em que foram discutidas e/ou pagas propinas, telefones e e-mails dos envolvidos. Por enquanto, foram tornados públicos os áudios dos depoimentos.
Cadê?
Oswaldo Borges da Costa Filho presidiu a Codemig (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais ) quando Aécio foi governador. Ele é casado com a filha do padrasto banqueiro de Aécio, daí a proximidade. Ficou sob a tutela da Codemig todos grandes empreendimentos no Estado. Dentre eles está a Cidade Administrativa e ainda a gestão do contrato do nióbio.
Desde que eclodiu o novo escândalo envolvendo a “Lava Jato”, veículos de comunicação não conseguem contato com Oswaldinho. Nem é sabido quem o representa. Foi sondado o famoso criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, porém, ontem, ele informou que não defende o ex-presidente da Codemig.
Quero voltar
Sérgio Neves, depois de uma longa jornada pagando propina, confessou aos investigadores que quer ajudar a Odebrecht a limpar a biografia.
RESPOSTA
Em nota, a assessoria de imprensa de Aécio Neves disse que nenhum dos ex-executivos da Odebrecht citados apresentou, nas delações, alguma prova documental ou apontou indício que mostre qualquer ato ilícito da parte do senador. “Ao contrário disso, Marcelo Odebrecht e Benedito Jr. afirmaram, em depoimentos, jamais terem conversado com o senador sobre caixa 2, vantagens indevidas ou qualquer tipo de contrapartida ou propina em troca das doações eleitorais feitas pela empresa a campanhas do senador e candidatos aliados”, informou. Sobre Oswaldo Borges da Costa, a nota diz que ele “sempre atuou de maneira formal na arrecadação de doações para as campanhas do PSDB e, nesta condição, manteve contatos com dirigentes de diversas empresas”.