Mineiro de Uberaba, Ricardo Saud: o homem da mala da JBS

14/09/2017 às 18:22.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:34

A trajetória de Ricardo Saud, o diretor da JBS que foi flagrado em conversa comprometedora com Joesley Batista, mudou quando ele saiu de Minas Gerais e ganhou Brasília, em 2011. 

Saud é de Uberaba, no Triângulo mineiro, região do agronegócio e da pecuária. Nos anos 2000 não tinha prestígio político nacional, mas já se aproximava de políticos da região. Em 2005, ele foi secretário de Desenvolvimento Econômico do então prefeito Anderson Adauto, peemedebista citado em outros escândalos de corrupção, que, posteriormente, virou ministro na era petista.

Quando saiu da prefeitura, Saud começou a gerenciar a área de Comunicação e Marketing da Universidade de Uberaba (Uniube). O reitor era Marcelo Palmério, fazendeiro, amigo do ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e filho do falecido escritor Mário Palmério.

Palmério decidiu, então, levar Saud a Brasília. O mineiro foi nomeado diretor do programa de Cooperativismo do Ministério da Agricultura, comandado por Rossi. Foi então que começaram as denúncias de irregularidades com o dinheiro público. 
Rossi deixou o cargo em 2011 depois que o jornal Correio Brasiliense revelou que ele e o filho, o então deputado estadual Baleia Rossi, usaram jatinho de uma empresa de agronegócios, a Ourofino, para viagens particulares. A empresa fornecia vacinas para o governo federal. Adivinha quem era sócio de uma subsidiária da Ourofino? Ricardo Saud. A empresa aumentou em 81% o faturamento quando o mineiro estava no Ministério. Saud detinha 15% de participação na subsidiária. 
Descobriu-se também que quando secretário em Uberaba, a Ourofino recebeu a doação de um terreno de 226 mil metros quadrados para construção de uma unidade industrial.

Com a saída de Rossi, Ricardo Saud também perdeu o emprego. Mas não perdeu o “tino” para os negócios. Nesta época, era sócio em algumas empresas, entre elas uma cujo outro sócio era o ex-presidente do Paraguai, Juan Carlos Wasmosy. Saud foi cônsul honorário do Paraguai. 

O mineiro deu início, então, à atuação para os irmãos Batista. Foi lobista da empresa até ganhar cargos nas empresas de Joesley e Wesley Batista. 

Ficou conhecido como “o homem da mala” dos homens da carne. Foi ele quem entregou a Rodrigo Rocha Loures (o ex-assessor de Michel Temer) a mala com os R$ 500 mil em espécie. Saud tinha trânsito dentre os figurões da política. Não raro, também fazia churrascos para deputados e senadores. 

A ascensão do mineiro de Uberaba lembra uma história bem conhecida no Estado: o operador do mensalão Marcos Valério Fernandes de Souza. O famoso carequinha desfrutou da intimidade e os contratos do poder. Terminou na cadeia.

Desculpa

Durante a Reunião Ordinária de Plenário da Assembleia Legislativa de ontem o deputado Cabo Júlio (PMDB) pediu desculpas por um pronunciamento que fez, também em Plenário, no dia 9 de novembro de 2016, em que se referiu à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) como “vaca”. É a segunda vez que ele pede desculpas. A iniciativa foi tomada depois que Rosário decidiu processar o deputado.

  

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