A saída de cena de Marcio Lacerda da corrida eleitoral polarizou as eleições ao governo de Minas Gerais e obrigou os adversários a rever as estratégias.
Tão logo o ex-prefeito de Belo Horizonte divulgou carta, acusando a velha política pela sua desistência, líderes das coligações de Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) entraram em cena para tentar herdar o púlpito político do socialista.
Na campanha petista, o ânimo foi geral. Isso porque, conforme última pesquisa de intenção de votos em Minas, divulgada pela TV Record, Lacerda havia crescido e estava em empate técnico com Pimentel. O petista tinha 14% das intenções de voto e o socialista 10%. Levando-se em conta a margem de erro, pode-se dizer que poderiam estar em empate técnico.
Já Anastasia liderava com 22%.
Se a onda pela terceira via colasse em Minas, o ex-prefeito tinha chances de ir ao segundo turno, complicando a vida de Pimentel.
Agora, a campanha petista parte para a estratégia do “mano a mano”, mas com outros “manos”. Pimentel tentará colar sua imagem à de Lula. E ligar Anastasia ao senador Aécio Neves (PSDB), cuja fama não mais lhe precede. Será algo ao estilo: “O time do Lula contra o time do Aécio”. Resta saber se o eleitor cairá na pegadinha. Por óbvio que Lula não é Pimentel (nem possuem o mesmo estilo de gestão) e Aécio não é Anastasia (apesar de terem ideias de gestão semelhante). Ligando Pimentel a Lula, a campanha do governador espera tirar-lhe a pecha de gestor ineficiente. Já colando a imagem de Anastasia à de Aécio, que passar ao eleitor os problemas políticos de toda ordem, especialmente aqueles que envolvem corrupção, que acompanham Aécio.
Cada qual é livre para comandar o Estado ao seu estilo. E cada um deles possui um estilo de administrar a coisa pública.
Nos bastidores, políticos citam pesquisas que mostram que Pimentel poderia subir 5 pontos nas intenções de voto se o eleitor o identificasse como o nome de Lula para Minas. Já Anastasia perderia 4 se fosse ligado a Aécio.
PSDB
No PSDB a desistência de Lacerda também foi bem vista. Isso porque os tucanos acreditam que os votos de Lacerda não irão para Pimentel. O ex-prefeito caiu atirando. Culpou o governador e o PSB (seu agora antigo partido) pela renúncia. Chamou o PT de velha política e outros adjetivos pejorativos.
Os tucanos acreditam que podem herdar até 70% dos votos de Lacerda. Se a previsão se confirmar, conforme lideranças, Anastasia levaria a eleição no primeiro turno. Ele conta com apoio de diversos prefeitos e de parte dos servidores públicos, às voltas com as medidas anti-populares do governo Pimentel.
Fato é que só saberemos como o eleitor entende a desistência de Marcio Lacerda quando vierem as próximas pesquisas eleitorais.
Em tempo
Marcio Lacerda ainda não decidiu se apoiará Anastasia ou manterá a neutralidade. Está descartado o apoio a Pimentel.
Apesar de ter recebido convite de diversos partidos, dentre os quais o PDT de Ciro Gomes, ele também não definiu o futuro político.