Avaliações injustas sobre o Cruzeiro na mídia

14/06/2016 às 07:51.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:53

Tenho vivido situação peculiar como jornalista esportivo. Nos programas dos quais participo, via de regra, desde o início do ano venho me deparando com opiniões que, para mim, são excessivamente críticas com relação ao Cruzeiro – sempre deixei isso claro, no ar, para os interlocutores de cada momento; e aqui, não me posiciono como dono de qualquer verdade inquestionável e absoluta; apenas papeio a respeito de uma circunstância curiosa. Na realidade, o pessimismo assinalado, o tom pesado descrito não se limita apenas aos debates que integro na mídia, às emissoras em que trabalho – não sou única exceção no sentido traçado, é bom que se diga; em veículos distintos, alguns poucos companheiros seguem linha parecida no ponto em análise. Discordâncias são naturais. O que caracterizei acima como peculiar se dá pelo volume, pelo grau, pela larga disparidade; algo acima do normal, fora da curva. Será que estou louco, que perdi alguma coisa? – poderia elucubrar, em alguns instantes. Honestamente, penso que não – e digo isso, novamente, sem a marca da pretensão, sempre respeitando o contraditório.

Deixemos de lado, por ora, a posição de centroavante. Do meio para frente, um elenco que possui Henrique, Romero, Cabral, Robinho, Arrascaeta, Élber e Alisson – sete boas peças para cinco serem escolhidas e duas ficarem como opções prioritárias –, está ruim? Repeti esta frase – ou ligeiras variações dela – na Band e na Itatiaia algumas vezes nos últimos tempos. Outro exemplo de que o cenário não é tão fúnebre como muitos querem pintar: no ano passado, Mano fez campanha extraordinária com uma formação que tinha, basicamente, na reta final de sua passagem: Henrique e Cabral por dentro como volantes; Willians como meia pela direita (muitas vezes fechava como volante, num trabalho híbrido); Alisson na ponta canhota; Bigode na frente; Arrascaeta por trás dele. Se esse esquadrão fez sucesso, será coerente exagerar nos questionamentos a respeito do atual, claramente melhor tecnicamente? Ou alguém discorda que Robinho e Romero são amplamente superiores, mais completos do que Willians – lembrando que este último, visto quase sempre como volante “brucutu”, teve de ser adaptado a esse trabalho pelos flancos, que exige mais criatividade, por certas limitações que vigoravam em 2015? Sem falar no retorno de Élber: talentoso, o melhor jogador ofensivo da equipe nesta temporada, em termos de regularidade.

Dizer que contratações como a de Gino, Pisano e Miño não vingaram é algo correto. Afirmar que o plantel precisa de um centroavante mais consistente também. Refletir que, talvez, pela oscilação de Arrascaeta, e outras questões envolvendo os bons Alisson e Élber, seja interessante mais uma peça com poder de decidir lá na frente, seja num estilo de drible, velocidade, ou de cadência, armação, se mostra no mínimo aceitável. Todas essas “relativizações” descritas foram feitas por mim em algum momento. Mas nenhuma delas, nem por um segundo, significa que endosso as falas exasperadas, revoltadas, na imprensa, contra o atual grupo do Cruzeiro. Não é para isso. O elenco não é ruim – tampouco espetacular. O time titular muito menos. Paulo Bento tem dado ótimos presságios. Continuando nessa toada, pode, sim, fazer boa campanha. Com o português, os resultados contra Figueirense, América e Santa Cruz foram bem enganosos. Mas para quem já tem predisposição para criticar, nadar nas águas confortáveis do resultado é um prato cheio...

Em breve, escrevo novo texto apreciando os motivos por trás dessa espécie de má vontade recente/atual com os celestes na mídia – não, não tem nada a ver com paixão clubística. E antes que digam: essa reflexão não acontece em função da vitória no clássico. Afinal, os argumentos básicos dessa coluna têm sido expostos por mim, publicamente, ao longo de todo ano. 

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