Brasil titular

05/06/2018 às 19:57.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:26

A grande dúvida da Seleção, neste momento, se encontra no meio-campo. Com a perda de espaço de Renato Augusto entre os titulares, fica a pergunta: Fernandinho se consolidará como titular? Neste caso, Coutinho seria deslocado para a direita, e Willian para o banco? Ou o time atuaria num formato, digamos, mais técnico, com os dois últimos citados juntos – o craque do Barça centralizado; o velocista do Chelsea espetado pela direita?

Entre estas duas alternativas mais comentadas, prefiro nossa versão “faceira”. Por outro lado, há meses me indago: por que não uma opção que, em determinados aspectos, funcionaria como um meio-termo? Por que não Fernandinho na vaga de Paulinho e ao lado de Coutinho, pelo centro? Tite deveria, durante as Eliminatórias, ter testado esta possibilidade.

Na era Tite Paulinho foi, em momentos distintos, um dos nossos destaques. No Barcelona, começou agradando. Aos poucos, contudo, caiu um pouco de produção. Hoje, no fundo, se os catalães fossem jogar com sua força máxima, o brasileiro ficaria no banco. Fernandinho, no City, por outro lado, é integrante importantíssimo, inquestionável do time ideal. Se tivermos em mente o critério “desempenho em clubes nos últimos tempos”, a seleção provavelmente iniciaria a Copa com Fernandinho, Casemiro, Willian e Coutinho.

Paulinho marca menos e pior do que Fernandinho. É menos habilidoso, menos técnico do que Coutinho. Se adianta demais em muitos momentos, e surge como volante que agrega mais pelas aparições na área inimiga do que pelos dotes de organizador, pensador da jogadas. Isso, ele não é. Curioso: se por um lado a versatilidade pode surgir como elemento decisivo para embasar a escalação deste jogador – marca um pouquinho, joga um pouquinho... –, será que não podemos procurar um pensamento inverso? Será que não ser exatamente o melhor em nenhuma das pontas, nenhum dos atributos, principalmente em se tratando de Seleção – quando as opções são tão múltiplas quanto qualificadas –, talvez não deva contribuir para a perda de espaço?

Os maiores questionamentos com relação às escolhas de Tite seguem restritos: Taison e Fred são os mais “cornetados” – no caso do segundo, injustamente; o Manchester United que o diga. O fato de algo já estar extremamente enraizado, estabelecido, não há de nos afastar de reflexões críticas. Renato Augusto já se encontrava tão inserido no grupo, tão certo na Copa, que muitos recaem numa espécie de aceitação tácita, automatizada. Num tipo de torpor. Será que deveriam? Numa apreciação estritamente técnica, meritocrática, honestamente, ele não entra no rol dos melhores meio-campistas tupiniquins. Algo análogo, em alguma medida, cabe para a titularidade de Paulinho: a turma “esquece” de pensar sobre. Deixo claro: não o tiraria do time com certeza. Penso que Tite deveria, entretanto, ter tentado a alternativa que sugeri em alguns momentos. Ainda dá tempo...

Em época de Mundial proliferam-se alguns clichês: Seleção é momento? Ou continuidade, conjunto? Deve-se levar um jovem para ele “ganhar experiência” para a próxima Copa? Esta última proposição, sobretudo, me parece surreal. No nível máximo de excelência, na mais nobre das competições, que ocorre tão raramente, não tem sentido, nenhum, realizar este tipo de “ensaio”. Que a tese tenha tantos adeptos na imprensa mostra apenas a obtusidade de grande parte da classe. E entre “momento”, e “conjunto”? Bom senso. O que, entre prós e contras, se provar melhor para o time. Neste caso também não deveríamos escorregar tanto para os dogmatismos, o determinismo, as frases feitas.

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