Cazares e o teste de Roger

12/04/2017 às 20:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:07

Na temporada passada, o Atlético viveu um dilema: escalar uma equipe que reunisse seus principais talentos e, ao mesmo tempo, se mostrasse minimamente competitiva defensivamente. Noves fora a questão “Fred e/ou Pratto”, dirimida em 2016 pelo fato de o primeiro não poder jogar a Copa do Brasil, restava a tentativa de encaixar Cazares e Robinho – ambos pouco combativos sem a bola – com um dos centroavantes.

Veio 2017 e essa espécie de dúvida permaneceu. Tendo em vista que o Estadual é o cenário ideal para testes diversos, Roger recorreu a expediente louvável; mudou o sistema e o posicionamento de Cazares no intuito de reunir os habilidosos sem pecar pelo excesso de exposição visto nos tempos do seu antecessor. No contexto de início de temporada, era a medida mais inteligente. Nesta quinta-feira, com a melhora física de Luan, tudo indica que o treinador alvinegro sacará Cazares do time titular. E se assim proceder, não poderá de forma alguma ser criticado por conservadorismo.

Com Marcelo Oliveira o Galo jogava no 4-2-3-1. Neste esquema, na linha de três meias, usualmente você precisa que pelo menos os dois de beirada recomponham. Com a bola, Robinho se adapta à ponta canhota. Sem ela, porém, do alto de seus 32 anos, tem dificuldades para acompanhar o lateral. Cazares, por sua vez, prefere atuar centralizado. Mais do que isso, sempre pareceu pouco disposto e/ou capaz para se adequar ao trabalho de ponteiro, ou para somente fechar o flanco nos instantes em que seu time estivesse sem a posse – poderia, nesta última opção, jogar pelo meio no momento ofensivo.

O que Roger fez? Mudou para o 4-1-4-1 e buscou adaptar Cazares ao labor de um meia central que muitas vezes parte mais de trás, preenche mais os espaços, e funciona de modo mais dinâmico. Com esta escolha, não “machucaria” as características do equatoriano quando a equipe estivesse com a posse deslocando-o para o lado, e na medida em que ele estaria natural e frequentemente mais recuado, a compactação, a solidez defensiva poderiam ser mais facilmente atingidas sem que este atleta precisasse de um esforço físico para recompor talvez pouco condizente com seus atributos. 

Outros detalhes: neste novo desenho algumas trocas de posicionamento entre Cazares e Robinho – nos dois estágios do jogo – seriam facilitadas; o primeiro poderia de forma menos sacrificante fechar o lado esquerdo eventualmente sem que por ali precisasse atuar prioritariamente no instante ofensivo, e livrando Robinho de recompor em certos momentos; por fim, estas duas peças teriam maior facilidade para dialogar quando o Galo tivesse a bola, numa dinâmica que, bem materializada, contemplaria a aproximação e facilitaria a execução de triangulações, seja com o centroavante que viria fazer o pivô – Fred é ótimo nisso –, ou com o lateral que avançaria para buscar o fundo – Fábio Santos tem boa capacidade para tal.

Teste feito. Conforme deveria. Realizado de modo inteligente e correto em termos táticos por Roger. E aí? Cazares não passou total convicção de que pode funcionar bem exercendo o trabalho mais dinâmico nos moldes assinalados. Por essa razão, e pelas conclusões que já poderiam ter sido tiradas vendo o time do ano passado – e Roger com certeza sabe de todas elas, pela capacidade que tem –, se mostra totalmente compreensível a entrada de Luan na vaga de Cazares – e não na de Otero, embora este seja mais burocrático, menos talentoso.

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