Galo: elenco, Dudamel, possibilidades táticas...

11/02/2020 às 17:48.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:36

No Fluminense, Allan se destacou atuando como primeiro volante. A peça responsável pela organização do jogo lá de trás, pelo começo da criação. Por possuir técnica, boa habilidade, não se mostrar um “brucutu”, muita gente recai no clichê de defini-lo como um atleta que deve atuar mais adiantado. Ou como o sujeito que “sabe sair para o jogo”. Não necessariamente. O Brasil precisa, de uma vez por todas, acabar com a cultura, como diria o mestre Tostão, de dividir o meio-campo de modo tão mecanicista, burocrático. O indivíduo destrói, é o “cão de guarda”, ou o “camisa 10”, o armador, o “pensador”. O máximo que se admite, neste modo de rotular binário, é o “marcador apto para avançar”. Por que o refinamento, a sofisticação, a valência inventiva não há de caber também ao jogador que atua à frente da zaga? Em todo o planeta, quase todos os times e seleções que deram certo nos últimos 15 anos tinham essa figura, sobretudo os conjuntos com ao menos uma centelha vanguardista.

Jair não começou bem o ano passado pelo Atlético. Era visto como segundo volante. Quando Rodrigo Santana o recuou para ser o primeiro, suas performances cresceram substancialmente.

Diante destes dois cenários descritos, e da limitação latente de José Welison na fase ofensiva – e estou para dizer que na defensiva ele está longe de provar-se uma sumidade, de passar perto de “compensar” sua incapacidade técnica –, urge a necessidade de Dudamel mudar a posição ou de Allan, ou de Jair. Um dos dois precisa ser o primeiro volante do Galo. E o glorioso “Pai Veio”, apesar da simpática alcunha, não pode sequer flertar com a titularidade constante.

Feito o exposto, a relativização, o dilema: com Gustavo Blanco e Otero machucados, e as circunstâncias envolvendo Cazares mesmo antes de sua recém-anunciada contusão, o técnico alvinegro ficou, digamos, despido de uma solução claramente convincente para o problema. Sem o equatoriano, a possibilidade de se montar um 4-2-3-1 minimamente animador, torna-se quase nula – nesse caso, Allan e Jair funcionariam como os dois volantes. O elenco carece de arquitetos centrais para ocuparem o centro de uma linha de três meias. E lembrando: Cazares até poderia integrar um triângulo de um 4-3-3/4-1-4-1, alternativa que não me soa a melhor para dele tirar todo o potencial, mas superior para o coletivo do que as que andam sendo escaladas como a chamada equipe principal. Com Blanco lesionado, a ânsia por uma trinca de meio-campistas que marca e joga – com Jair e Allan –, ainda não passa de uma idealização.

Todo este contexto serve ao menos para dirimir possíveis críticas às preferências de Dudamel? Sim. Mas seria ele suficiente para isentá-lo destas reservas? Longe disso. Mesmo com a escancarada carência de material humano, dava para ter testado, antes da derrota na Argentina, por exemplo, Nathan como um dos componentes do triângulo central – e olha que estou longe de morrer de amores por ele. Possível seria também avaliar um 4-2-3-1 com Hyoran na função de arquiteto do conjunto, ladeado por dois pontas – Marquinhos e mais um. Cenário ideal? Claro que não. Mas de novo: potencialmente melhor do que aquele que vem sendo escolhido pelo comandante nos cotejos mais relevantes.

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