A alta do dólar e o efeito dominó

10/02/2020 às 19:23.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:35

Nos últimos dias o dólar tem estabelecido recordes de valor no câmbio com o real, que foi adotado como moeda em 1994 e trouxe, a reboque, a esperada estabilidade econômica. 

Um cenário ao qual, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, o brasileiro terá de se acostumar, paralelamente à redução da taxa nominal de juros para o mais baixo patamar da história. Estes mesmos juros baixos são uma das explicações para a saída do capital estrangeiro (especialmente especulativo) em larga escala, o que encarece a moeda norte-americana.

Situação que favorece, em boa parte, ao agronegócio e aos vendedores de insumos – o minério de ferro acima de tudo –, mas acaba tendo efeito perverso sobre boa parte da economia.

Antes mesmo de lembrar de eletroeletrônicos e outros produtos importados da China, é necessário destacar como muito antes disso a cadeia produtiva se vê impactada pela elevação do valor do dólar. O trigo do pãozinho; o lúpulo da cerveja; insumos para a produção de medicamentos (além de muitos remédios manufaturados); muitos dos componentes que equipam carros, motos e bicicletas; bem como os combustíveis fósseis de maior qualidade, fundamentais para o processo de refino de gasolina, diesel e derivados vendidos no país.

Não é necessário ser expert em comércio internacional para entender como a condição desfavorável impacta a vida do cidadão, direta ou indiretamente. Se os preços sobem – e transporte e alimentação estão entre os itens de maior peso no cálculo dos índices –; gera-se inflação. Mesmo quem produz itens de alta tecnologia no país (computadores, smartphones e eletrônicos de última geração) depende, em grande escala, de matéria prima cotada em dólar. Fica difícil imaginar um contorcionismo financeiro para evitar os repasses ao consumidor.

Que, por sua vez, tende a deixar de comprar na medida do possível; de se limitar ao essencial. Desse modo, criam-se as condições para a recessão, com impacto em perspectiva para variados setores.

Se os fundamentos econômicos atuais impedem a volta do real ao poderio anterior (que não foi fruto de manobras ou chicanas), que se busque então um panorama de equilíbrio, capaz de poupar, especialmente, a parte mais fraca da equação.

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