A maré não está mesmo para peixinho....

30/10/2020 às 21:42.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:55

É realmente preocupante. A taxa de desemprego chegou a 14% no mês passado, o mais alto percentual desde o início da pandemia. A renda do trabalhador está achatada. Com queda no poder de compra e baixo nível de emprego, vem outro problema: o número de endividados também aumentou. 

Em setembro, nada menos do que 67,1% das famílias relataram ter dívidas a pagar, o maior resultado desde julho de 2013 e o terceiro maior patamar da série histórica. Triste retrato do impacto econômico da pandemia no país. 

O levantamento mostra que o problema é maior nas faixas de renda mais baixas (0 a 10 salários-mínimos), onde a capacidade de poupança é limitada e não há como contar com um colchão de proteção para momentos como o atual. E entre as modalidades de dívidas das famílias brasileiras estão itens como: cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestações de carro e cartão de crédito. Este, o maior vilão, que costuma piorar a situação de quem já está na degola, por conta dos juros exorbitantes cobrados pelas operadoras.

Em boa parte dos casos, vale lembrar, o cartão de crédito é a saída encontrada por muitas famílias, não para a aquisição de novos bens, mas como instrumento para garantir consumo mínimo e empurrar, tanto quanto possível, os compromissos financeiros, como as contas, até mesmo as de serviço. Inevitável que isso se transforme em bola de neve. Insustentável. Impagável.

Ainda mais diante de um cenário que ainda se prenuncia sombrio e de recuperação lenta. A segunda onda de contaminação pela Covid-19 já bate à porta. É realidade em vários países da Europa, que já avaliam possibilidade de lockdown. Por aqui, acabamos de flexibilizar diversas atividades e o comércio começa a dar sinais de otimismo com a melhora dos números de venda para o Natal, mesmo sem perspectiva das tradicionais contratações temporárias. 

Isso deixa claro que postos de trabalho fechados demorarão a ser novamente oferecidos; negócios que encerraram as atividades não darão lugar a outros por algum tempo. Talvez longo tempo. Todo mundo já entendeu que é preciso se reinventar. Mas também que é preciso tomar um bom fôlego antes da empreitada.
 

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