A metralhadora giratória de Valério

25/07/2017 às 17:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:44

 Considerado um arquivo vivo e condenado em 2013 a mais de 37 anos de prisão no caso do mensalão do PT, o ex-publicitário Marcos Valério finalmente coloca a boca no trombone. E tudo indica que sua delação, fechada com a Polícia Federal, mas que ainda depende da homologação do Supremo Tribunal Federal, será mais um terremoto em um cenário político já devastado por denúncias de corrupção.

A metralhadora de Valério atinge de A a Z. Os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso, os senadores e ex-governadores tucanos Aécio Neves e José Serra, o ex-governador Eduardo Azeredo, deputados, dirigentes de partidos, ex-prefeitos e ex-ministros. Estão todos citados. Sobre o líder petista, Valério afirma que diversos acertos, como a compra de apoio de parlamentares, foram abençoados ou presenciados por Lula. Ele não só sabia como participou do esquema, nas palavras do publicitário.

Essa, entretanto, não foi a primeira investida de Valério para delatar. No ano passado, 60 anexos, com relatos de episódios de supostas irregularidades cometidas por personagens diversos, foram entregues ao Ministério Público de Minas. Tudo foi escrito de próprio punho por Valério, direto da penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, e depois digitalizado pelo advogado Jean Kobayashi Júnior. Na ocasião, o MP se recusou a fechar o acordo de colaboração premiada com o ex-publicitário. 

Pressionado pela família, principalmente os filhos, que cobram dele o fato de que vários delatores se deram bem e apenas o pai permanece detido no caso do mensalão, Valério resolveu partir para uma delação definitiva. E a promessa é de não deixar pedra sobre pedra. 

Os 60 anexos entregues ao MP são apenas uma pequena parte de tudo o que o ex-publicitário pretende revelar. Nos corredores da PF corre a versão de que as informações não correspondem nem a 10% das revelações feitas à PF. 
Valério já conseguiu algo que almejava há muito tempo. Deixou a Nelson Hungria e passou a cumprir pena na Apac de Sete Lagoas, onde parte dos presos tem as chaves das celas e os seguranças não andam armados. Agora, para manter o benefício e ainda conseguir reduzir o peso de sua pena, ele terá que apresentar provas que embasem as acusações. Caso contrário, corre-se o risco de voltar à estaca zero.

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