Patrimônio Cultural da Humanidade, a Igrejinha da Pampulha foi alvo de mais uma pichação na madrugada de ontem, a segunda em pouco menos de um ano. A polícia ainda investiga o caso e tenta identificar o autor (ou autores) de mais um ato de agressão à cidade e seus bens.
São dois aspectos que chamam a atenção. O principal, que destacamos nesta edição, é a liderança da Pampulha no ranking de reparos de agressões ao patrimônio. Cerca de 15% dos registros ocorrem no conjunto arquitetônico.
O trabalho feito para o reconhecimento internacional da Pampulha foi intenso, mas não pode parar na entrega do título. Até mesmo porque algumas coisas ainda precisam ser feitas para que a honraria seja mantida. E a pichação de ontem mostra uma falha em uma dos pontos mais simples: a segurança.
A Igrejinha da Pampulha não deveria ter somente vigilância 24 horas. O espaço deve ter frequentadores em todos os momentos, sejam eles turistas ou moradores. O maior movimento ajuda demais no cuidado de uma construção que praticamente identifica a capital mineira para quem é de fora. Não há uma política de ocupação ordenada desse espaço nobre. Isso também se repete nas outras estrutura do Conjunto Arquitetônico e em suas vias de acesso e passarelas. A Pampulha inteira deveria ter capacidade de receber os visitantes a todo o momento, de maneira ordeira, naturalmente.
O segundo aspecto é a polêmica questão da pichação, que envolve toda a cidade. Não cabe aqui debater se é arte, agressão, expressão ou delito. O certo é que falta diálogo com esses grupos, ouvir o que eles querem e como eles pensam a cidade. Quando é negado a eles o espaço sadio de interação, muitas vezes a forma que eles encontram para chamar a atenção é passar a mensagem em um ícone da cidade. E vem conseguindo.
Também temos que esperar a polícia fazer a investigação para saber se é um caso de um protesto ou depredação. A diferença é gigante. Protesto tem que ser entendido e discutido. Já a depredação por si só, feita por pessoas que não respeitam o que é público, deve ser tratada com rigor da lei e de forma exemplar.
O que não dá é ver nosso principal ícone sofrendo com o descaso, provocado por quem deveria protegê-lo.