Quem tem algum tipo de limitação física no Brasil sabe bem como é difícil ir de um ponto a outro, independentemente da distância e da disposição.
Pelas ruas, falta de rampas e calçadas esburacadas que parecem se multiplicar, seja qual for o trajeto a ser percorrido, transformam o deslocamento em uma maratona. Em muitos casos, só mesmo a solidariedade de terceiros permite seguir adiante. Caso de quem precisa usar transporte público.
Nos prédios e repartições públicas pelo Brasil afora, onde deveria estar garantido o acesso universal a quem quer que seja, as barreiras parecem ainda maiores. E não somente pelas limitações físicas impostas. Qualquer intervenção depende dos recursos que demoram muito a aparecer, geralmente perdidos na burocracia estatal e na sempre alegada escassez.
Exemplo negativo vem da UFMG, onde estudantes com deficiência que conseguira conquistar uma cobiçada vaga no ensino superior gratuito se veem obrigados a travar verdadeiras batalhas diárias que, para a maioria dos colegas, é simples: chegar à sala de aula, ir ao banheiro, à biblioteca e ao restaurante universitário.
A demanda não poderia ser mais urgente. A instituição registrou, neste ano, número recorde de pessoas com deficiência que conseguiram vagas por meio do sistema de cotas.
A Justiça deu um ultimato à instituição, que tem até agosto para apresentar projeto com as adequações necessárias no campus da Pampulha. Mas UFMG alega não ter recursos. Vai pedir à União que, por meio do Ministério da Educação, avisou que o dinheiro já está nos cofres da universidade. Ou seja, impasse à vista, indicativo de solução adiada.
Uum cenário em que se fala cada vez mais de inclusão, era de se esperar que a maior universidade pública de Minas Gerais conseguisse colocar como prioridade a acessibilidade aos estudantes.
Se as políticas de inclusão não foram pensadas antes de a universidade abrir as portas para os estudantes com deficiência, o ideal é que se encontre rápido uma forma de obter recursos para cumprir a determinação da Justiça.