Entre as poucas certezas referentes à pandemia de Covid-19 estão a de que ela passará e de que será seguida de um período de crise econômica e estagnação. Trata-se de um fenômeno multisistêmico, que coloca em xeque também a saúde, a educação e até mesmo a rede global de transporte, hoje praticamente imóvel diante das restrições de deslocamento. Um quadro inédito no atual século e de poucos precedentes na história recente.
O conceito de união de forças que tem liderado os esforços para enfrentamento desse panorama deve ser ampliado para todos os setores atingidos. Haverá (se já não ocorrem) adaptações, novas necessidades e prejuízo, em maior ou menor escala, para todos, do cidadão ‘qualquer’ ao país de economia mais forte do planeta. E superar este cenário dependerá de uma intricada rede de ações e relações coordenadas, de modo a fazer com que, como resumiu o Papa Francisco, efetivamente rememos na mesma direção.
Do ponto de vista sócio-econômico, busca-se um norte que deve ser oferecido pela autoridade constituída, ela sim capaz de oferecer recursos (não apenas financeiros) e comandar um esforço comum, propositivo e veloz - quanto antes a crise for enfrentada da forma adequada, mais claro o horizonte de médio e longo prazo. E muito desse esforço passa pela injeção de liquidez nos mercados. De renda capaz de permitir a volta da população e dos setores produtivos a seu moto-contínuo.
Numa demonstração de empenho do Congresso, foi possível aprovar a ajuda básica de R$ 600 para a faixa da população mais vulnerável: trabalhadores informais, empreendedores individuais e famílias nas menores faixas de renda. Um primeiro passo importante de modo a permitir que estes tenham alguma tranquilidade para enfrentar os desafios do pós-coronavírus.
É fundamental, no entanto, subir a escala, assim como fizeram os Estados Unidos ou a Grã-Bretanha. Injetar recursos nos setores que mais empregam; oferecer incentivos e condições mais favoráveis a quem responde pelas principais fatias do PIB. Fazer com que também eles possam retomar atividades e projetos com o mínimo de prejuízo possível, no que diz respeito a resultados e à população empregada. Também a solução deve ser multissistêmica, enxergada não como despesa, mas como investimento que tem tudo para se pagar tão logo o grosso do impacto tenha sido assimilado.