Alfabetização precisa ser mais flexível

15/02/2017 às 19:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:59

Os desafios para a alfabetização de jovens e adultos no Brasil não são novos. Ainda na década de 1940, o governo já se preocupava em implantar programas que pudessem ensinar o básico para quem não teve oportunidade de ir à escola. Várias tentativas foram feitas, umas com maiores e outras com menores resultados, mas relatório da Unesco que apresentamos nesta edição mostra que o problema ainda persiste no país e atinge uma considerável parcela da população. 
Somente em Minas, segundo a pesquisa, o número de analfabetos, acima dos 20 anos, caiu de 1,3 milhão, em 2009, para 1,1 milhão em 2015. Ou seja, uma redução de apenas 13% em seis anos. É difícil pensar que em tempos de ferramentas de interação instantânea entre as pessoas, em um momento em que praticamente não há mais lugar isolado, cerca de 5% da população mineira não saiba ler ou escrever. 

Talvez os analfabetos sejam tantos assim por ainda cairmos nos mesmos erros em todas as iniciativas aplicadas para resolver essa problema: a falta de um planejamento específico para a questão. 

Desde a criação do Mobral, em 1967, passando pelo PNAC, criado no governo Collor, e o agora EJA, não há uma metodologia que consiga se adaptar às necessidades desse cidadão. Afinal, esmagadora maioria deixa de frequentar o banco da escola porque precisa trabalhar para aumentar a renda da família. 
Recolocar essas pessoas no caminho educacional não é apenas abrir uma sala de aula e “jogar” o conteúdo no quadro. Primeiramente, temos que oferecer condições especiais para que esses cidadãos não tenham que fazer a opção “casa ou escola” novamente, ou seja, os horários e locais precisam ser flexíveis. 

Além disso, os educadores precisam ser mais preparados. Segundo vários especialistas, a maior parte dos professores quem trabalha nesses projetos não recebe formação específica para educar adultos, nem na própria universidade. Assim, passa-se o conteúdo da mesma forma que para crianças, ignorando todas as experiências de vida desses alunos especiais. 

Não podemos mais abrir a porta da sala de aula e esperar que os adultos entrem para se alfabetizar. Temos agora que ir até eles, entrar naquela realidade e mostrar quantas portas ele poderá abrir após ser alfabetizado. 

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