As ‘carnes fracas’ do nosso dia a dia

23/03/2017 às 20:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:51

O ser humano tende a ter uma indignação seletiva. Ele só se revolta ou se mobiliza contra aquilo que lhe incomoda ou está interferindo em seus planos. Isso o impede de ver os seus próprios defeitos e condutas irregulares ou não adequadas. Na verdade, é uma característica bem mais presente no brasileiro do que em outros povos desenvolvidos. É até natural, pela nossa falta de espírito público. 

Há uma semana, estourou a operação Carne Fraca que vai marcar a história do setor no país, com denúncias de corrupção envolvendo servidores do Ministério da Agricultura e, principalmente, adulteração de produtos para a comercialização. 

Houve, em um primeiro momento um choque, seguido por retração do consumo e até piadas na internet, os famosos “memes”, que ironizavam as fraudes cometidas por alguns dirigentes de empresas visando, claro, o lucro. 

Mas como reagimos quando o desrespeito ás regras sanitárias e o descuido com a saúde do consumidor ocorre na nossa frente? 

A reportagem do Hoje em Dia foi às ruas da capital e não teve muita dificuldade em flagrar várias atitudes no manejo de alimentos que deixariam qualquer fiscal sanitário, pelo menos os sérios, de cabelos em pé. 

E o desrespeito vem crescendo, segundo dados da Vigilância Sanitária de Belo Horizonte, que registrou alta de quase 80% nas autuações e apreensões de produtos impróprios para o consumo na capital. 

E olha que naturalmente esse número é sub-notificado, já que são apenas 147 servidores para cuidar de todas as áreas da fiscalização. Com mais gente nas ruas, certamente os registros iriam aumentar. 

O que mais chamou a atenção dos repórteres durante a produção do material foi flagrar as irregularidades no meio de muita gente, que não se incomodava com aquilo que estava ocorrendo ao lado. 

Não adianta xingar o dono da mega empresa de carne e o fiscal federal, ou fazer piadinha na internet, se continuamos fechando os olhos para o que ocorre na mercearia da esquina ou em um restaurante qualquer. Não é só carne que tem prazo de validade ou estraga. Os cuidados são necessários em todos os alimentos. E somos nós, os consumidores, que definimos a qualidade, por meio do que exigimos. 

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