Boataria digital reforça o papel da imprensa

03/09/2018 às 21:10.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:16

 Anúncio feito na última sexta-feira pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de aumento de 13% no preço do diesel após quase três meses de congelamento do combustível, desencadeou uma enorme onda de boataria no país. Um sem-número de notícias e comunicados – ora falsos, ora com fundamento, mas exagerados – passou a ser distribuído nas redes sociais, notadamente pelo aplicativo Whatsapp. Isso gerou pânico em parte da população, traumatizada com os efeitos da paralisação de caminhoneiros ocorrida em maio. Na capital, por exemplo, menos de 24 depois do anúncio, grandes filas já começaram a se formar em postos de todas as regiões. O resultado foi que, em muitos desses estabelecimentos, já na noite de domingo, estoques haviam acabado. E não foram raras as queixas de consumidores sobre a elevação de preços por alguns, supostamente em razão do aumento da procura. O episódio comprovou, de maneira inequívoca, aspectos negativos das novas tecnologias da comunicação, como o de servir como ambiente propício ao fomento de especulações ou como simples caixa de ressonância para as chamadas fake news.  Apesar de o sindicato dos transportadores de combustíveis de Minas ter anunciado, de fato, “estado de greve” a partir da meia-noite de segunda-feira, para forçar negociações sobre o cumprimento da Lei do Frete, em vigor desde agosto, não houve qualquer indício de paralisação iminente dos motoristas de caminhão que justificasse o ocorrido. Entidades representativas da categoria – à exceção de uma, desconhecida pelas demais e que divulgou um alarmante comunicado nas redes sociais – informaram que não havia mobilização em curso, pelo menos até ontem.  Ficou patente, com o caso, a necessidade indiscutível da existência e da atuação de veículos de imprensa, sérios e compromissados com a notícia precisa e bem apurada.  Em resumo, nunca foi tão importante haver, no mundo e no Brasil, quem separe o joio do trigo e quem faça com responsabilidade uma espécie de curadoria de informações, evitando que a população embarque, com consequências imprevisíveis, no “disse-me-disse” da Internet. 

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