Com um público esperado de 3,6 milhões de foliões nas ruas, a festa de Momo tem se revelado cada vez mais democrática em Belo Horizonte. Apesar de o Carnaval ainda estar concentrado na região Centro-Sul - 45% dos desfiles acontecem nesta área, de acordo com informações da Belotur - um movimento de dispersão já pode ser percebido para regiões como Leste, Oeste e Pampulha.
Ainda segundo dados da Belotur, o Barreiro agrega apenas 2% dos blocos que desfilam na capital, mas também tem atraído cada vez mais grupos com propostas criativas, ousadas e diferentes, como é o caso do Pena de Pavão de Krishna, ou simplesmente PPK, para os mais íntimos.
Politizado e místico, o bloco colocou os foliões com os rostos pintados de azul para dançar no ritmo do afoxé enquanto percorriam um trajeto de pouco mais de três quilômetros, a partir da Praça do Cristo, no bairro Milionários, passando por ruas que levam ao berço do Ribeirão Arrudas.
O caminho não foi uma escolha por acaso. O objetivo era chamar a atenção para o estado de degradação do Arrudas. Um abaixo-assinado para reivindicar a criação do Parque Ecológico do Barreiro de Cima deve ser entregue ao prefeito Alexandre Kalil.
O PPK é apenas um dos blocos que desde a retomada da folia carnavalesca em Belo Horizonte vai levando os desfiles para bairros e comunidades mais distantes do eixo central da cidade. Outros exemplos de grande sucesso são Filhos de Tchá Tchá, Tchanzinho Zona Norte, Beiço do Wando, e muitos outros.
Por toda banda, foliões são recebidos de braços abertos. Os moradores desses bairros adoram a ideia de ver os forasteiros se divertindo e desbravando a vizinhança. Por outro lado, belo-horizontinos acostumados a só circular pela avenida do Contorno e redondezas ultrapassam limites, saem do mundinho habitual e rompem fronteiras, conhecendo pessoas e lugares novos. É o Carnaval ajudando a expandir os horizontes.