Cenário ainda preocupante nas rodovias mineiras

31/01/2020 às 19:34.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:30

O relatório atualizado do Painel CNT de Consultas Dinâmicas dos Acidentes Rodoviários, elaborado pela Confederação Nacional do Transporte, revela uma realidade preocupante quando se recorta a malha de Minas Gerais, a maior do país. O levantamento revela que, no ano passado, 677 pessoas perderam as vidas nas vias intermunicipais e interestaduais. Número, é bem verdade, inferior ao registrado no ano anterior (e o menor da série histórica iniciada em 2007) mas, ainda assim, significativo. Tal como o do total de acidentes com vítimas no mesmo período: 7.439.

As obras de melhoria feitas ao longo das últimas décadas em vias estratégicas como a Fernão Dias (BH/São Paulo) ou a 040 no trecho entre a capital e o Rio, assim como a concessão de tais trechos (e de outros) à iniciativa privada, geraram condições para a redução das tristes estatísticas. Há maior número de quilômetros duplicados; melhora na sinalização e todo um aparato de resgate que permite ação imediata no atendimento às vítimas.

Um conjunto de condições que acaba interpretado por muitos motoristas, seja de veículos de pequeno porte, seja de caminhões e comerciais leves, como um convite à imprudência. 

Não por acaso, o maior percentual de ocorrências, tanto de acidentes (51,8%) quanto de mortes (63,4%) diz respeito a colisões. Que, embora o documento não detalhe, têm certamente origem em ultrapassagens em locais proibidos; na velocidade superior à permitida na rodovia, e muito provavelmente nas condições de conservação dos veículos.

É certo que boa parte da malha viária mineira (federal e estadual) apresenta problemas. A duplicação da BR-262 no trecho que liga Belo Horizonte a Vitória é uma novela que se arrasta há tempos, enquanto as fatalidades se acumulam. E em boa parte do Estado há trechos com problemas; buracos, sinalização deficiente, proteção inadequada e ultrapassada. Um cenário que se torna ainda mais intenso com a ação das chuvas deste primeiro mês de 2020.

Como na grande maioria das mazelas brasileiras, no entanto, é equivocado atribuir a culpa exclusivamente ao poder público, diante dos exemplos cotidianos de desrespeito às leis, sobre duas ou quatro rodas.

É preciso seguir com ações como o movimento Maio Amarelo, que chama a atenção justamente para os riscos à segurança no trânsito, bem como na criação de uma cultura de respeito e direção defensiva que ainda não existe. Assim, um dia os números cairão como realmente se espera. 

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