Com ou sem crise, saúde sempre é prioridade

27/08/2018 às 20:38.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:08

 A delicada situação financeira do Estado, provocada, entre outros motivos, por uma crise fiscal mais ampla e que se arrasta no país desde 2014, tem muitas faces cruéis.  Parcelamentos e atrasos nos salários de milhares de servidores e a demora em efetuar repasses de verbas estaduais a prefeituras, colocando municípios sob risco de colapso, são alguns deles.  Outra consequência dramática da penúria dos cofres públicos mineiros, e que atinge uma parte extremamente fragilizada da população, é o não pagamento aos fornecedores de medicamentos considerados especializados, de alto custo e destinados a tratar doenças crônicas.  Reportagem desta edição mostra que diversos remédios do tipo, que custam, no mínimo, R$ 300 a caixa, estão em falta no Programa Estadual de Assistência Farmacêutica, o Farmácia de Todos.  Há casos em que a espera chega a três meses, sendo que o uso contínuo das substâncias é vital para pacientes acometidos de males como a retocolite e a doença de Crohn, ambas caracterizadas por inflamações intestinais, a hipertensão pulmonar e outros. A própria Secretaria de Estado da Saúde admite que o problema é a não quitação de dívidas com quem produz os remédios, o que torna a solução ainda mais complexa, uma vez que o governo afirma estar em “calamadade financeira” e, portanto, sem condições de arcar com uma série de compromissos. Até é possível compreender que, em tempos de crise, haja dificuldades em se eleger prioridades em um Estado tão grande e com tantas demandas importantes, como é o caso de Minas. Mas, quando se trata da garantia não apenas da qualidade, mas da manutenção da vida de cidadãos dependentes de medicamentos – e que, claro, não têm condições de arcar com os tratamentos –, não há espaço para tergiversação. Para cobrar solução para o caso, basta apenas evocar o artigo 196 da Constituição, segundo o qual “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por