A falta de preservativos para distribuição gratuita em postos de saúde Belo Horizonte, em razão de problemas contratuais entre a fornecedora e o Ministério da Saúde, pode desencadear elevação significativa nos registros de doenças sexualmente transmissíveis na capital e no Estado, como a Aids e a hepatite.
Por outro lado, também pode prejudicar seriamente a execução de programas de controle familiar, focados, principalmente, em evitar a gravidez indesejada.
Segundo reportagem desta edição, desde junho há irregularidade e desabastecimento de camisinhas em unidades de saúde de praticamente toda a cidade.
A secretaria estadual confirma, por sua vez, que Minas encontra-se “desabastecido de preservativos, tanto masculinos, quanto femininos”, sendo que o normal seria receber 3,3 milhões de unidades por mês para todo o Estado.
O resultado da carestia é que diversos grupos sociais, como o de garotas e garotos de programa, travestis e um grande número de adolescentes, que recorrem comumente aos postos de saúde para retirar gratuitamente os preservativos, são afetados.
No que concerne às DSTs, a incidência da Aids, transmitida por relações sexuais sem proteção genital, talvez seja a que apresenta maior risco de crescimento, devido ao problema.
Desde 2015, as autoridades municipais de saúde notificaram cerca de 1,5 mil casos da doença na cidade. Sem a distribuição das camisinhas, ninguém duvida de que o número possa crescer.
Com a ausência do insumo gratuito, também existe o risco de que muitos jovens, independentemente do gênero, deem início à vida sexual desprotegidos e, assim, possam contrair infecções das quais venham a se tornar vetores.
Entre as prostitutas, há igualmente muitas queixas, envolvendo preocupações com a saúde e o bolso. Segundo uma representante da categoria, as profissionais estariam comprando preservativos com recursos próprios para trabalhar. Dessa forma, aumentariam seus gastos, que incluem aluguel de quartos e outras despesas, sem poder repassá-los aos fregueses.
A previsão dos responsáveis é de que o fornecimento dos preservativos seja regularizado, em todo o país, já em outubro. Tomara que isso se confirme.