Festa no futebol e fé em um país melhor

22/06/2018 às 20:13.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:56

A vitória que deixou o Brasil a um empate das oitavas-de-final da Copa do Mundo – na próxima quarta-feira, contra a Sérvia – foi sofrida. Mas a maioria da população não parou de acreditar, um segundo sequer, nos três pontos, obtidos com dois gols já nos descontos da segunda etapa da partida de ontem, contra a Costa Rica. 
Mesmo em horário inusitado, às 9h de uma sexta-feira, a partida deixou desertas as ruas da capital. Bares e restaurantes tentaram atrair clientes com promoções, que incluíam café reforçado, bebidas e shows. 

Foi, porém, em locais populares e tradicionais de concentração de torcedores (como a Esplanada do Mineirão e a Savassi) e em ambientes de trabalho e até de estudos, devidamente aparelhados com telões, que a paixão dos belo-horizontinos de todas as idades de fato apareceu.

O sufoco passado em campo era refletido nos rostos tensos das plateias. A parte boa foi que, no gramado de São Petersburgo, mesmo que tardiamente, os jogadores não decepcionaram – ao contrário do que houve na estreia, no empate por 1 a 1 com a Suíça. 

Os pontos altos da sexta-feira de Copa foram festas como a do tradicional Mercado Central, cujas lojas se mantiveram abertas durante a partida. Ou a de diversos colégios da cidade, nos quais alunos e professores interromperam brevemente as atividades para concentrar-se nos pátios e acompanhar cada lance do jogo. E a que houve debaixo de viadutos, onde moradores de rua ficaram atentos ao desenrolar da peleja por meio de rádios de pilha.

Num momento em que o país tenta deixar para trás uma grave crise econômica iniciada em 2015 – e, ao mesmo tempo, mirar com serenidade o ainda conturbado e indefinido processo eleitoral deste ano–, nada melhor do que registrar e experimentar tal manifestação genuína de crença em dias melhores. 

Ficou provado, mais uma vez, que torcer pelo Brasil é uma tradição inabalável, por mais que alguns tentem problematizar tal atitude – como fazem os que misturam política e o simples ato de vestir a camisa da Seleção. 

É fato que, como na vida, há imprevisibilidade no futebol. Mas não será por falta de torcida que deixaremos escapar o hexa. E não será por falta de empenho – e de fé – que os brasileiros deixarão o país escapar de seu rumo. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por